UFJF vai investir R$ 1 milhão na reforma de prédio histórico

por André Candreva publicado 26/03/2018 15h25, última modificação 26/03/2018 15h25

JUIZ DE FORA - A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) pretende gastar R$ 1 milhão na recuperação do casarão localizado na esquina da Rua Floriano Peixoto com Avenida Rio Branco, que, desde 1977, é utilizado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE). Construído no final do século XIX e tombado como patrimônio municipal em 1996, o prédio tem estilo eclético e se assemelha a outros imóveis da mesma época existentes na cidade, como o Paço Municipal.

 

O tempo, no entanto, encarregou-se de deixar suas marcas no prédio, que, sem conservação adequada, é o retrato do abandono, apesar de o DCE manter uma gráfica no local e ceder parte das salas para terceiros ministrarem aulas de capoeira e taekwondo.
Infiltrações, janelas quebradas, grades enferrujadas e fachada com pontos sem revestimento são alguns dos problemas do prédio, localizado na área central. A reforma é apontada por especialistas como importante para a revitalização de seu entorno. Inaugurado em 1894, para abrigar a então Diretoria de Saúde, o casarão tem significado para a história da medicina social em Juiz de Fora. Também foi usado pela Faculdade de Engenharia, antes de ser cedido ao DCE.

 

Na justificativa para o tombamento, elaborada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Compac), foram ressaltados a representatividade do imóvel como expressão arquitetônica de uma época e o fato de ser um referencial significativo no núcleo urbano. Também foi destacada "a graciosidade e receptividade resultante do ângulo de esquina formado pelas fachadas voltadas para a Rua Floriano Peixoto e Getúlio Vargas, solução bem resolvida e cuja singeleza imprime uma característica peculiar ao edifício, inserido em um contexto urbano que passa por transformações".

 

 

 

Obra depende de acordo com entidade

 

 

A intenção do reitor da UFJF, Henrique Duque, é que a reforma do casarão esteja concluída até o final do ano. As negociações com o DCE devem começar na próxima semana. Segundo o pró-reitor de Infraestrutura, Márcio Rezende, a licitação será feita tão logo esteja pronto o projeto executivo da reforma do prédio.

 

O projeto já está sendo elaborado pelo professor Júlio Sampaio, do curso de Arquitetura. Por enquanto, ele e uma equipe de alunos trabalham na pesquisa histórica. Segundo ele, o casarão mantém muito das características originais, mas o anexo - antiga sede da Associação dos Professores do Ensino Superior (Apes), atualmente ocupado pelo Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da UFJF - foi construído posteriormente.

 

No pátio interno, também foi construído um banheiro, diz Sampaio. "Passando do lado de fora, qualquer pessoa reconhece que o prédio não está em boas condições", admite o professor. De acordo com ele, é necessária uma intervenção urgente no casarão.
"Não há risco de o imóvel desmoronar, mas, se nada for feito, os estragos provocados pela chuva, por exemplo, tendem a aumentar", afirma Sampaio.

 

Para conhecer sua real situação, a equipe terá que fazer uma vistoria no prédio, mas o DCE ainda não deu autorização para que o grupo tenha acesso ao imóvel. "Essa é uma pendência que espero que seja resolvida nos próximos dias, com a intervenção da reitoria", diz o professor. Como a UFJF está em processo eleitoral, tendo Henrique Duque como candidato único, a restauração do prédio somente deverá ser discutida com os estudantes depois da eleição na universidade, marcada para quarta e quinta-feiras.

 

 

 

Restauração é prioridade

 

 

Apesar de ter incluído a reforma de sua sede na plataforma da campanha eleitoral, no ano passado, a atual diretoria do DCE ainda não declarou apoio à iniciativa da reitoria nem facilitou o acesso ao prédio, que permanece fechado a maior parte do dia. O coordenador-geral da entidade, Luan Cupolillo, diz que, junto com o projeto de reforma, é preciso discutir o uso do espaço depois da obra.

 

Nos planos do DCE, está a instalação no local de seu arquivo histórico e de um espaço para grandes reuniões. "Não queremos perder o imóvel, que é nossa sede histórica e pode voltar a ser referência para os estudantes no centro da cidade", diz Cupolillo.

 

Atualmente, a sede do DCE fica no campus da UFJF. Cupolillo diz que a ocupação do casarão por atividades que fogem à rotina do movimento estudantil é um passivo herdado de outras administrações da entidade, e não haveria boa vontade dos locatários para deixar o imóvel.

 

Para o pró-reitor Márcio Rezende, a prioridade da universidade é fazer a reforma e, somente depois, discutir com a comunidade universitária a melhor forma de aproveitamento do imóvel, considerando sua importância histórica.

 

Fonte: Jornal Hoje em Dia