Som dos Sinos utiliza tecnologia para difusão do patrimônio

por André Candreva publicado 26/03/2018 21h26, última modificação 26/03/2018 21h26

Fonte: Secom

 

Utilizar novas tecnologias para transformar o olhar das pessoas sobre o patrimônio imaterial de Minas Gerais. Esse é o objetivo do Som dos Sinos, projeto que busca mudar a forma com que moradores e visitantes se relacionam com o toque dos sinos e o ofício do sineiro, bens culturais registrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

 

Na tradição destas cidades, o repertório dos sinos é uma forma de comunicação. Há mais de 40 tipos de toques de sinos e, de acordo com a quantidade e ritmo das badaladas, os moradores sabem o que acontece na cidade, dos horários de missa e trabalho a procissões e anúncios de mortes. Nos dias atuais, a linguagem dos sinos tem sido substituída pelos meios de comunicação contemporâneos, mas ainda se mantém em diversas cidades do interior mineiro, emocionando os moradores e encantando os turistas.

 

É para difundir essa cultura que as documentaristas Marcia Mansur e Marina Thomé idealizaram o projeto, há quase dois anos. Acreditamos que a combinação entre memória e novas mídias, a partir de um projeto interativo, possibilita um rico diálogo entre as tradições culturais e as novas gerações, conta Marina. Para alcançar o objetivo, elas usam diferentes plataformas digitais.

 

4 em 1

 

Som dos Sinos é um projeto multiplataforma, que utiliza diferentes tipos de mídias e interfaces. A proposta mais inovadora é o lançamento de um aplicativo para celular que funciona como um áudioguia a céu aberto no qual o usuário pode escutar diversos toques de sinos com GPS de localização para igrejas em 9 cidades de Minas Gerais. O aplicativo já está disponível para download gratuito na APP Store e, até meados de maio, também na Google Play.

 

Outro produto é o site com recursos de narrativa multimídia. Entre as sessões está Sons, uma onda sonora que reúne mais de 100 áudios com toques de sinos e depoimentos da comunidade para que o usuário possa conhecer um pouco mais sobre esse universo. Já a sessão VideoCartas funciona de maneira interativa: o usuário escolhe uma sequência de vídeos e uma trilha sonora. As opções serão processadas, junto a uma história que ele mesmo contará em forma de texto. Ao fim, o site gera um vídeo de 30 segundos que pode ser compartilhado pelo internauta. A sessão mais singular da plataforma é a Micro Histórias, e será inaugurada no final de maio. Estamos montando um webdocumentário, uma espécie de documentário não linear. O internauta define a sequência da história a cada clique, explica Marina.

 

O projeto também sai do online e propõe outras formas de experimentar o conteúdo. Para isso foram produzidos 9 vídeos a serem exibidos em projeções itinerantes por 9 cidades de Minas Gerais que ainda mantém o toque dos sinos. Cada vídeo conta a história do local onde é exibido, com depoimentos de moradores e sineiros. A ideia é valorizar não só a cultura da linguagem dos sinos, mas também a figura do sineiro, que muitas vezes não é reconhecido. A proposta é deslocar o universo da torre para a cidade, apresentando estas imagens às pessoas que apenas ouvem os sons e desconhecem os campanários, conta Marcia. A última parte do projeto consiste na produção de um documentário de longa-metragem. A ideia é que este material percorra festivais do gênero e seja exibido em salas de cinema e na televisão.

 

Cenário

 

Apesar de ser nomeado como imaterial, esse patrimônio é palpável e está vivo na memória e nos relatos de diversas pessoas. A tecnologia foi a forma encontrada pelas documentaristas para tratar da materialidade desses bens. O nosso interesse é pensar em produtos que possam gerar a valorização desse patrimônio e maior acesso a esses bens, tanto pelos moradores quanto pelos turistas, explica Marcia.

 

Segundo a Diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Célia Maria Corsino, o projeto inova ao propor a inclusão de novas mídias que permitam ao visitante ter acesso aos diversos sons dos sinos, mesmo que eles não estejam tocando. Ou seja permite a permanência do bem cultural para alem de seu tempo de execução, completa. A expectativa é que o Som dos Sinos se torne uma referência para projetos na área cultural.

 

O projeto tem o patrocínio de Eletrobrás e Furnas, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet/ Ministério da Cultura).

 

Site do projeto: www.somdossinos.com.br

 

Confira o calendário:

 

04/05 - São João del Rei

05/05 - Congonhas

07/05 - Ouro Preto

08/05 - Mariana

09/05 - Catas Altas

12/05 - Serro

14/05 - Diamantina

16/05 - Sabará