Servidores da segurança pública ameaçam entrar em greve

por André Candreva publicado 27/03/2018 06h49, última modificação 27/03/2018 06h49

 Fonte: ALMG

 
Líderes de todas as entidades representativas dos servidores da segurança pública de Minas Gerais marcaram para o dia 8 de novembro, às 14 horas, uma assembleia geral para 
definir ações de pressão ao Governo do Estado. Eles querem o retorno do pagamento dos salários para o quinto dia útil, a definição de reajuste para a categoria e a garantia 
da quitação do 13º em dia.
 
A medida foi aprovada em audiência pública realizada nesta quarta-feira (19/10/16), no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), pela Comissão de Segurança 
Pública. Nenhum representante do governo compareceu à reunião.
 
A data também foi escolhida por outras categorias do serviço público estadual para uma paralisação geral com base nas mesmas reivindicações, segundo informou o presidente 
do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepominas), Marco Antonio de Paula Assis.
 
O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), que também é autor do requerimento para a audiência, reclamou das dificuldades financeiras que os policiais 
têm enfrentado em função dos atrasos e do parcelamento dos salários. Afirmou, ainda, que a data-base dos servidores é 1º de outubro, mas não houve nenhuma atitude do 
governo para decidir a recomposição das perdas. Estamos há quase dois anos sem revisão salarial, afirmou.
 
O deputado Sargento Rodrigues conclamou os participantes que lotaram o Plenário e as galerias a participarem de manifestações para exigir uma resposta do governador 
Fernando Pimentel. É preciso a união de todas as forças de segurança pública, destacou, ao considerar a audiência pública o último alerta para Pimentel.
 
O deputado federal Subtenente Gonzaga (PDT-MG) defendeu ações mais concretas para que a categoria alcance os objetivos debatidos na audiência pública. Listou ocupações 
de espaços públicos, interdição de estradas e outras vias e a greve como formas da pressão. Já fomos por demais tolerantes e compreensivos, disse.
 
A luta sindical não faz sentido se ficar só no gabinete, só no zap-zap, provocou o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol), Denilson Martins, 
que também defendeu a greve da categoria.
 
O delegado Marco Antonio Assis também defendeu mais pressão sobre o governador. Convoco todos os delegados e toda a categoria a se fazerem presentes em todas as 
manifestações daqui para a frente.
 
Militares temem retrocesso
 
Os presidentes da Associação dos Militares Estaduais Mineiros (Amem), tenente-coronel Norberto Rômulo Russo, e do Centro Social dos Cabos e Soldados, cabo Álvaro Rodrigues Coelho, 
compararam a situação atual da categoria com o que chamaram de época pré-97, referindo-se ao movimento grevista dos praças da PM realizado em 1997.
 
Ambos disseram não desejar retornar àquele período, no qual os policiais tinham baixos salários. O cabo lembrou que muitos dependiam de cestas básicas doadas por instituições
da categoria. Esse tempo acabou. É preciso parar as atividades dentro dos quarteis, reforçou o tenente-coronel.
 
O diretor do Sindicato dos Escrivães de Polícia (Sindep-MG), Paulo Fernando Silveira Ribeiro, também foi incisivo nas críticas ao Governo do Estado. Governo que não se 
interessa pela segurança e que não se interessa pela sociedade, não governa, afirmou.
 
Em tom ameaçador, o delegado Marco Antonio de Paula Assis afirmou que a Polícia Civil não é lugar para covardes. Temos que ser valentes com todos que cometem crime, 
mesmo que seja o governador, falou. Para ele, Pimentel comete crime ao não assumir com responsabilidade a condução da segurança pública no Estado.
 
Deputado critica uso de recursos públicos
 
O deputado Sargento Rodrigues criticou a gestão dos recursos públicos pelo governador. Ele estranhou que Pimentel justifique falta de verbas para investir na segurança 
pública, enquanto gasta com viagens e publicidade. Segundo o parlamentar, apenas neste ano, o governo gastou quase R$ 1 milhão em fretamento de aviões.
 
O parlamentar relatou que, além dos salários, o governo também tem atrasado o pagamento de diárias, ajudas de custo e até férias-prêmio para os servidores da segurança 
pública. Reclamou, ainda, que foram reduzidos os investimentos no setor. Se diminui o investimento em segurança, reduz-se a capacidade de resposta das polícias, advertiu.
 
O presidente do Sindicato dos Peritos Criminais (Sindpecri-MG), Wilton Ribeiro de Sales, afirmou que as viaturas estão sucateadas e os policiais passando por dificuldades 
com os atrasos. Já o presidente do Sindicato dos Delegados, Marco Antonio Assis, disse não aceitar mais a desculpa da “herança maldita” usada pelo governador em relação à 
gestão anterior. A fatura vai chegar e não vai demorar, alertou.