Religião é aliada na luta contra o crack e reúne 10 mil na Pampulha, em BH

por André Candreva publicado 26/03/2018 17h33, última modificação 26/03/2018 17h33

Fonte: Hoje em Dia

A tarde deste domingo (26) foi marcada pela luta contra o crack em Belo Horizonte. Um evento promovido pelo programa Força Jovem, da Igreja Universal do Reino de Deus, levou cerca de 10 mil pessoas à Praça dos Esportes, na orla da lagoa da Pampulha. A multidão foi conferir os resultados da iniciativa que tem retirado inúmeras pessoas do vício e ouvir o alerta, dirigido especialmente aos jovens, sobre os riscos da dependência química.

 

O pastor Fábio Freitas comandou o evento, que teve como lema “Crack, tire essa pedra do seu caminho”. “Temos, aqui, tanto jovens que são dependentes da droga e estão no Força Jovem se libertando do vício quanto pessoas que nunca usaram crack, mas marcam presença para ajudar na conscientização”, disse o pastor, que revelou já ter sido dependente da substância. “Fui usuário por cinco anos e há dez estou livre do vício. Consegui ajuda na Força Jovem e a partir daí minha vida mudou. Em retribuição, ajudo outras pessoas”.

 

De acordo com o pastor, quem recorre ao programa participa de várias atividades. No início, o dependente entra no “Dose mais forte”, ação em que é garantido o mínimo necessário para que ele se reintegre à sociedade e viva dignamente, como documentos, roupas e alimento.

 

“Resgatamos a identidade da pessoa e depois oferecemos atividades na área da cultura, do esporte, do lazer e da educação. No começo e no fim das ações, fazemos uma oração. Aqui não é um centro de recuperação. Nós ajudamos as pessoas a mudar a própria vida”, disse Fábio. “Nos últimos quatro meses, a Igreja Universal recuperou 3 mil pessoas entre 14 e 19 anos. Algo que, sozinho, o governo não consegue, pois não sabe com quem está lidando”.

 

 

Uma das pessoas engajadas nessa luta é Flávio da Silva Oliveira, de 26 anos. Há seis, ele está livre do vício graças ao Força Jovem. “Durante 12 anos, usei todos os tipos de droga e até fui preso”, relatou.

 

O ex-dependente contou que, antes de procurar a igreja, já havia buscado outros meios para se livrar dos tóxicos. “Na cadeia, fui acompanhado por uma assistente social e, quando saí, fui atrás de projetos do governo, mas não consegui me recuperar. Em muitos não tinha vaga e em outros havia boa vontade e disposição, mas os encontros aconteciam uma vez por semana, o que é pouco para salvar a pessoa. Foi quando cheguei ao Força Jovem, que atua diariamente e é uma verdadeira família”.

 

O evento incluiu shows de bandas gospel, DJ e grupos de dança. Também foi marcado por depoimentos de ex-dependentes de drogas. O estudante Glaubert Lopes, de 25 anos, que em 2011 perdeu um irmão de 24 por conta do crack, fez questão de levar a mulher, Aline Miranda, de 19, para acompanhar a ação. “Vim pela importância da mensagem, pois não vale a pena entrar no mundo das drogas. Mas, para quem entrou, digo que é possível sair e que a religião é o caminho”.

 

Nem mesmo o calor intenso espantou a multidão. Kananda Rodrigues, de 15 anos, dedicou o domingo a ajudar ao próximo. “O calorão não nos deixa desanimados, pois o que viemos fazer aqui é muito importante. Sou voluntária no Força Jovem há dois anos, ajudando a resgatar pessoas do vício. É muito gratificante ver os resultados”, afirmou