Propriedade do século 18 em Belo Vale será restaurada e ocupada pelo Instituto Inhotim

por André Candreva publicado 27/03/2018 06h43, última modificação 27/03/2018 06h43

Fonte: Estaminas

 

Um dos mais importantes integrantes do patrimônio cultural de Minas, a Fazenda Boa Esperança, em Belo Vale, na Região Central do estado, passará por reforma. O despacho que garante o desenvolvimento de estudos técnicos para a ocupação da fazenda do século 18 foi assinado pelo governador Fernando Pimentel nesta quarta-feira.

 

A fazenda é tombada pelos governos federal e estadual e pertence ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). A iniciativa é uma parceria com o Instituto Inhotim e a Prefeitura de Belo Vale.

 

De acordo com o governador, o Vale do Paraopeba, com o Inhotim em uma ponta e a Fazenda Boa Esperança na outra, é exatamente a ponte entre o século 18 e o século 21. A fazenda, que é do século 18, foi tombada como patrimônio nacional em 1959, e, desde então, nada ou quase nada foi feito para preservá-la e incorporá-la ao patrimônio de Minas Gerais. Agora vamos tornar isso possível. A fazenda vai ser revitalizada, reformada, o projeto já está em andamento, e o Instituto Inhotim vai tomar conta, junto com a prefeitura, afirmou o governador. Para ele, a requalificação da Fazenda Boa Esperança é uma forma de torná-la peça útil ao acervo cultural de Minas Gerais.

 

O projeto para ocupação da fazenda será feito pelo Iepha-MG e pelo Inhotim. Esses estudos compõem o Refazenda - Projeto para Revitalização da Fazenda Boa Esperança, e contemplam ações integradas de plano de gestão, ocupação artística, educação patrimonial e relacionamento com a comunidade de Belo Vale. O objetivo é potencializar geração de renda para a região e as atividades educativas e sociais, de forma a inserir as comunidades quilombolas do entorno no projeto de sustentabilidade da Boa Esperança, informou o governo. A estimativa de investimento é de R$ 1,6 milhão.

 

Em agosto, o Iepha-MG vai publicar edital de licitação para a recuperação da propriedade. O custo estimado é de R$ 2,34 milhões. Serão executadas obras de restauração arquitetônica e de instalações complementares da sede, além de criação de infraestrutura para ampliar as possibilidades de uso. A parceria tornará a Fazenda Boa Esperança e seu acervo uma área de visitação, com obras do Inhotim e preservação da reserva florestal.

 

Quem chega à fazenda, a seis quilômetros do Centro de Belo Vale, não deixa de se impressionar com a grandiosidade do monumento histórico e paisagístico, considerado palácio rural desde os tempos do Barão de Paraopeba (coronel Romualdo José Monteiro de Barros, 1773/1855), senhor de mais de 900 escravos que trabalhavam na mineração de ouro e agricultura. Logo na entrada, no meio do extenso pátio gramado, duas frondosas sapucaias dão boas-vindas aos visitantes, convidando ao silêncio, comunhão com a natureza e contemplação do engenho de pedra (paiol) e da capela de Nosso Senhor dos Passos, na varanda comprida. A varanda dos fundos tem 36 metros de comprimento e 2,5m de largura, com esteiras coloridas de taquara no forro. O sobrado de 45 portas hospedou dom Pedro II. Nele chamam a atenção os muxarabis, janelas em treliça azul que permitem à pessoa que está dentro da casa ver a parte externa sem ser vista.