Própolis verde da abelha é um antibiótico natural, dizem pesquisadores

por André Candreva publicado 26/03/2018 16h20, última modificação 26/03/2018 16h20

Apesar de serem temidas pela maioria das pessoas por sua picada potente, as abelhas fazem muito bem ao homem, até mais do que se imagina. Além do saboroso mel, benéfico à saúde, esses espertos insetos voadores produzem a própolis – um eficiente antibiótico natural, que vem revelando, a cada dia, mais propriedades terapêuticas. Uma pesquisa feita pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, descobriu outra aplicação para a substância: a prevenção e tratamento de doenças inflamatórias na boca, como gengivite, mucosite e candidíase crônica. A partir da descoberta, o grupo, coordenado pela bióloga Esther Margarida Bastos, desenvolveu um gel bucal e um enxaguatório antisséptico à base da própolis verde – um dos 13 tipos existentes no Brasil –, que poderão ser disponibilizados, em breve, no Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo que este último tem a chance de ser o primeiro enxaguatório produzido no Brasil, já que todos os existentes hoje no mercado são fabricados por empresas multinacionais.

O ineditismo do estudo não para por aí. Em parceria com a Funed, o dentista Ronaldo Rettore Júnior realizou a primeira pesquisa mundial usando a própolis verde na prevenção e tratamento de inflamações em implantes dentários. "Buscamos na literatura internacional alguma experiência similar e não encontramos. Somos os primeiros a usar a própolis com esse objetivo", garante. Os testes feitos em laboratório apresentaram resultados animadores.
"O enxaguatório à base de própolis se mostrou tão eficaz quanto o convencional no tratamento dos processos inflamatórios", afirma o dentista. Segundo ele, a clorexidina, princípio ativo usado em 90% dos antissépticos bucais, provoca efeitos colaterais no uso prolongado, como a perda do paladar e o aparecimento de mancha nos dentes. Já a própolis não apresenta nenhum desses inconvenientes. O único desafio, segundo o dentista, é chegar a uma fórmula com um aroma e gosto mais atrativos, já que o natural não agrada a muitas pessoas.

Os resultados dos testes serão publicados neste mês, durante a apresentação da tese de doutorado de Ronaldo Rettore junto ao curso de pós-graduação em implantodologia da Universidade São Leopoldo Mandic, em Campinas, São Paulo. A partir daí, serão feitos experimentos em pacientes para confirmar os testes laboratoriais. Em seguida, se os resultados forem positivos, o produto fabricado pela Funed estará apto a ser comercializado e provavelmente será oferecido ao SUS pela fundação. Caso saia tudo de acordo com o esperado, o enxaguatório deve ter seu uso expandido, além do propósito para qual foi criado, que são os pacientes com implante dentário. "Ele poderá ser usado por qualquer pessoa na prevenção de cáries, gengivites e outras doenças bucais, substituindo os enxaguatórios comercializados atualmente", afirma o especialista.

Fonte: Estaminas.