Possibilidade de novos temporais mantém Minas em alerta

por André Candreva publicado 26/03/2018 16h27, última modificação 26/03/2018 16h27

Minas se mantém em alerta para temporais nos próximos dias. Até quarta-feira, a previsão é de chuva forte em quatro regiões do estado, com riscos principalmente para famílias que moram às margens de rios e encostas. Aviso meteorológico do Centro de Controle de Emergências, da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG), prevê acumulado de chuva de até 100 milímetros na Zona da Mata, Oeste, Sul e Campo das Vertentes, aumentando a possibilidade de deslizamentos de encostas. Em BH, o Grupo Executivo de Áreas de Risco (Gear) pediu atenção máxima por causa do volume de água acumulado nos últimos três dias. Das 15 mortes em Minas, 12 foram em decorrência de desabamentos. “Esperávamos mais trabalho em relação ao ano passado, mas não tantas mortes”, afirma o diretor de Comunicação da Cedec-MG, major Edylan Arruda.

O Centro de Controle de Emergências pediu na segunda-feira a todas as prefeituras do estado o monitoramento ininterrupto das áreas de risco e execução das ações dos planos de contingência. “A população deve ser orientada quanto ao maior risco de deslizamentos, considerando que o grande volume de chuva deixou o solo saturado e instável, além do risco de enchentes e desabamentos. As pessoas devem evitar a permanência em áreas de risco ou em locais que ofereçam pouca proteção”, diz o documento.

Nos próximos dias, o risco maior é para as regiões Oeste, Zona da Mata, Campo das Vertentes e Sul de Minas. De acordo com aviso meteorológico, a frente fria sobre o estado nos últimos 11 dias deverá causar chuvas de forte intensidade. “O volume de precipitação acumulado poderá chegar a 100 milímetros”, diz previsão do meteorologista Ruibran dos Reis. Segundo ele, a nebulosidade diminui nas demais regiões a partir de quarta-feira, mas, por causa da elevação da temperatura e da umidade, novas pancadas de chuvas de intensidade moderada poderão ocorrer no estado. “É comum essa sequência de chuvas neste período do ano. Um fenômeno é responsável por acumular umidade da Amazônia nas frentes frias, resultando em chuvas”, diz o meteorologista.

Das 47 cidades que decretaram situação de emergência desde o começo do período chuvoso, 35 são da Zona da Mata e do Vale do Rio Doce. Mais de 1,1 milhão de pessoas foram afetadas pelas chuvas, segundo a Defesa Civil. Do total, 12.115 pessoas ficaram desalojadas e 1.568 desabrigadas. Em relação aos danos materiais, o boletim informa que 3.923 casas foram danificadas e 153 destruídas.

Os maiores desastres ocorreram no Vale do Rio Doce e da Zona da Mata, sobretudo em Mantena e Lajinha. Na primeira, quatro pessoas morreram, no Bairro Carlos Prates II, soterradas depois do deslizamento de uma encosta na antevéspera do réveillon. Um dia antes, três pessoas da mesma família morreram no desabamento de um barranco, que atingiu uma casa. Nestas regiões, a média histórica de chuvas foi superada em 150%, segundo o meteorologista Ruibran dos Reis. A pancada mais forte ocorreu em Caratinga e cidades próximas no domingo depois do Natal, quando houve acumulo de mais de 115 milímetros de água durante as oito horas de chuva ininterrupta.

Famílias retiradas das áreas de risco

Um quarto das famílias das áreas de risco permanece em cass e está sujeito aos problemas do período chuvoso, segundo levantamento da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel). Em vistorias feitas desde julho, técnicos indicaram a necessidade de remoção de 83 famílias de vilas e aglomerados, mas 21 ainda estão à mercê da chuva. Segunda-feira, seguindo orientação da Cedec, a Urbel fez um alerta para os perigos da chuva.

Chove na capital desde o dia 23, e o alerta é para a instabilidade de terrenos, principalmente em morros e encostas. Segundo o Grupo Executivo de Áreas de Risco (Gear), o solo se encontra mais saturado, o que propicia maior possibilidade de deslizamentos. A única exceção na capital é Venda Nova, já que as demais regionais registraram, nos últimos três dias, volume acumulado superior a 70mm de chuva.

De outubro e dezembro, técnicos da Urbel vistoriaram 1,7 mil imóveis de vilas e favelas. Das 83 famílias que deveriam ser removidas, 20 foram para casas de parentes; 12 alugaram casas por conta própria; 23 usaram o Bolsa-Moradia; sete foram levadas para abrigos; 12 resistiram à desocupação e nove deverão sair nos próximos dias. Na madrugada do réveillon, a Defesa Civil interditou três casas no Bairro Lagoinha, na Região Noroeste da capital, devido a deslizamento de encosta.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, na madrugada de segunda-feira, foram registradas duas ocorrências graves na Grande BH. No Bairro Tropical, em Contagem, um barranco cedeu, derrubando o muro de uma casa de dois andares, que corre risco de desabamento. Na Rua Crucificação, no Bairro São José, na Região da Pampulha, um barranco cedeu, derrubou uma casa e outras estão ameaçadas. Houve queda de quatro árvores na capital.

 

Fonte: Estaminas