Parques eólicos no Rio Grande do Sul responderão pela geração de mais de 550 MW

por André Candreva publicado 26/03/2018 19h37, última modificação 26/03/2018 19h37

Fonte: Jornal Grifon

 

O maior complexo de energia eólica da América Latina, com potencial para se tornar o maior do mundo, está em construção no Rio Grande do Sul. São três grandes parques eólicos em obras - dois deles contam com investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), com inauguração prevista para o segundo semestre de 2014.

 

Juntos, o Parque Eólico Geribatu em Santa Vitória do Palmar, o de Chuí e o do Hermenegildo, licitado em novembro do ano passado, serão responsáveis pela geração de mais de 550 megawatts (MW) de potência, o suficiente para abastecer uma cidade com 3,4 milhões habitantes. 

 

“Estamos habilitados para um leilão de mais 200 MW. Basta ganhar o próximo leilão e a gente amplia o parque para superar o maior do mundo que fica nos Estados Unidos”, afirma Ronaldo dos Santos, diretor de engenharia e operação da Eletrosul.

 

Toda a energia produzida pelas eólicas do Rio Grande do Sul será conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) por uma linha de transmissão de 500 quilômetros de extensão. A linha está sendo construída entre Santa Vitória do Palmar e Nova Santa Rita, e precisou de solução inovadora para não prejudicar o meio ambiente.

 

“A obra de transmissão é muito ampla, passa pela Reserva do Taim que é um santuário ecológico. É uma obra feita com cautela”, explica o diretor da Eletrosul. A linha tem torres instaladas dentro da Lagoa Mirim, por nove quilômetros, para não entrar na área da reserva ambiental.  “Foi a solução que encontramos para não passar pelo santuário”, diz Ronaldo.

 

Os três parques eólicos do Rio Grande do Sul e a linha de transmissão geram 8,9 mil postos de trabalho na região. Só no Parque Geribatu são 2,1 mil empregos diretos e indiretos que impulsionam a economia local. Para se ter uma ideia, o volume de empregos gerados por essas obras eólicas equivalem ao do Projeto de Integração do Rio São Francisco, considerado o maior empreendimento hídrico em construção na América Latina.

 

O PAC 2 tem como meta entregar 218 usinas eólicas até o final de 2015 - 35 delas foram concluídas e 162 ficarão prontas ainda este ano. São 44 usinas em construção na região Sul do país, mas a maior parte - 174 empreendimentos - está na região Nordeste. A energia gerada por todas essas usinas, quando estiverem em plena operação, equivalerá a 5,725 MW – o suficiente para abastecer uma cidade com população aproximada de 5,7 milhões de habitantes.

 

Incentivo federal

O governo federal ampliou nos últimos anos o investimento na geração eólica, aproveitando o potencial que tem no país. O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), foi o primeiro “empurrão” para explorar este tipo de energia que tinha um custo muito elevado inicialmente, como ocorre com as fontes novas e alternativas. “Hoje ela compete inclusive com a fonte hídrica, em termos de custo de energia”, destaca Celso Knijnik, diretor do Departamento de Energia Elétrica da Secretaria do PAC, do Ministério do Planejamento.

 

Em 2008, a capacidade gerada pela força dos ventos no Brasil era de aproximadamente 300 MW. Atualmente, as eólicas produzem cerca de 2,7 mil MW. “Pretendemos chegar, até o final de 2014, com mais de 4,3 mil MW”, afirma Knijnik.

 

A eólica é complementar às demais fontes de energia e depende do regime de ventos. Por essa razão, os parques estão sendo construídos no Sul e Nordeste do país, onde há maior incidência de ventos. E de acordo com Celso Knijnik, os ventos são mais fortes justamente quando os reservatórios de água atingem níveis mais baixos. “Então ela (fonte eólica) passa a ter uma importância muito grande para conseguir manter o nosso sistema de energia e manter a nossa matriz renovável, como é o nosso objetivo”, destaca.