Paracatu é tombada como patrimônio nacional. Municipio mineiro se destacou pelo seu valor historico, de seu conjunto arquitetônico

por André Candreva publicado 26/03/2018 16h26, última modificação 26/03/2018 16h26

O rico patrimônio cultural de Paracatu, Região Noroeste de Minas, foi tombado na manhã desta sexta-feira (10) pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que se reuniu no edifício Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. De acordo com o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Minas Gerais (Iphan-MG), o tombamento de Paracatu teve destaque pelo valor histórico de seu conjunto arquitetônico e pela formação e integração do Centro-Oeste brasileiro, no século XXVII. Em de 13 de novembro de 1962, duas igrejas de Paracatu, a Matriz de Santo Antônio e a de Nossa Senhora do Rosário, foram tombadas pelo IPHAN.

Como vários outros municípios mineiros, Paracatu nasceu sob o signo do ouro dando origem a um povoamento que, por sua vez, levou ao surgimento de centros econômicos integrados para abastecer as áreas de mineração. Esta sequência de acontecimentos favoreceu o desenvolvimento agro-pastoril, especialmente em regiões da Bahia, Pernambuco e em alguns locais de mineração.

A construção de Brasília provocou uma onda de migrações para o centro do país, que atingiu a cidade. Contudo, Paracatu mantém seu centro histórico praticamente intacto, apesar de algumas transformações na arquitetura. A morfologia urbana de ruas e travessas proporcionam a leitura de seu passado colonial e de sua posição estratégica na ocupação da região.

A origem da cidade no ciclo do ouro

Paracatu tornou-se ponto de referência do Noroeste do Estado influenciando as regiões do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Sudoeste goiano. Nesse contexto, a data provável do surgimento do antigo arraial é entre 1690 e 1710. O município se destaca por sua localização estratégica, pois era ponto de convergência dos diversos caminhos que ligavam o litoral (Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro), às “minas gerais” e ao interior do país.

Há comprovação de que em 1603 a localidade já era conhecida por bandeirantes e, desde tempos imemoriais, habitada por indígenas. A partir de 1727, várias sesmarias foram concedidas no território que hoje abrange o município. As minas de Paracatu foram as últimas jazidas descobertas em Minas Gerais, no momento em que o ciclo do ouro estava chegando ao fim. Esse fato foi um dos motivos de a cidade ter ganhado importância no cenário nacional na primeira metade do século XVIII, conquistando, no período colonial, o título de Princesa do Sertão. A exploração aurífera durou até depois de 1819, após o que o município entrou em um processo de estagnação econômica, que durou até a década de 1960, com a construção de Brasília.

A abertura de vias e a construção das edificações aconteceram em função do sítio físico, sem pré-determinação, o que resultou no traçado irregular ainda hoje perceptível. Os perfis característicos das ruas são definidos pelas próprias edificações, implantadas no alinhamento do terreno, e sem afastamentos laterais.

A ausência de vegetação urbana configurou uma espécie de “canal”, onde circulam pessoas e veículos. A separação entre o espaço aberto público e privado é bastante clara, ficando este último restrito ao interior dos lotes ou das quadras. Desde a década de 1960, esta configuração tem sido gradativamente substituída por outra “aberta”, onde o espaço público entra em contato direto com o espaço privado do interior dos lotes. Devido à ausência de vegetação urbana, as praças assumem o aspecto de “ilhas” de vegetação nos espaços públicos, e devido à característica social da população, onde a vida se desenvolvia nos espaços intramuros, eram utilizadas em celebrações religiosas e ocasiões festivas na cidade.


Fonte: Hoje em Dia.