Museu de Congonhas celebra Oswald de Andrade e inaugura nova exposição

por André Candreva publicado 27/03/2018 06h42, última modificação 27/03/2018 06h42

Fonte: Prefeitura de Congonhas / Secom

 

A passagem dos modernistas por Minas Gerais tem sido relembrada a cada apresentação do projeto Roteiro das Minas, no Museu de Congonhas. Na noite desta quarta-feira, 22, o poeta Oswald de Andrade foi celebrado com a leitura de seu Manifesto Antropófago, feita por um dos maiores diretores de teatro do país, José Celso Martinez Corrêa, acompanhado do ator Roderick Himeros. O palco do teatro de arena recebeu, ainda, o ator Matheus Nachtergaele, que interpretou um capítulo do livro Antropofagia Palimpsesto Selvagem, de Beatriz Azevedo. A atriz e pesquisadora lançou a obra no centro cultural. Outra grande atração foi a abertura da Exposição de Gravuras, de Yara Tupynambá.

 

A noite foi especial não só para os artistas, mas também para as pessoas que compareceram aos espetáculos. Os atores - que não se preocuparam em seguir o roteiro, deixando a apresentação ainda mais dinâmica - interagiram com a plateia a todo momento. No ato final, José Celso e Roderick convidaram o público a subir no palco e a admirar a lua cheia. Logo em seguida, uma grande ciranda foi formada no espaço ao ar livre do Museu de Congonhas, com todos entoando um trecho do Manifesto Antropófago:  Tupi or not tupi?.

 

O secretário de Estado de Cultura, Ângelo Oswaldo, que mais uma vez marcou presença na cidade, destacou a consolidação do Museu de Congonhas como um grande polo de cultura contemporânea em Minas Gerais. Este é um Museu histórico, voltado para o patrimônio artístico do período colonial e é animado por um projeto maravilhoso de desempenho nos mais diversos campos da cultura. Por isso, faço questão de sempre estar aqui. O Museu de Congonhas é uma das principais referências da programação cultural do nosso estado, garantiu.

 

Ângelo também falou sobre a passagem dos modernistas por Minas Gerais, especialmente em Congonhas. Aqui, Oswald escreveu alguns poemas que estão apresentados no Museu. Eles nos ajudam a reler a obra do Aleijadinho e a conhecer o significado de Congonhas. Então, este poeta transformador, que continua até hoje provocando insurreições, está na base de uma nova visualidade que o Brasil abriu sobre Congonhas, um novo olhar brasileiro, concluiu.

 

Além de dividir o palco com José Celso, o ator Roderick Himeros também participou da oficina oferecida a artistas locais. Durante o espetáculo, o artista também interagiu com a plateia. Hoje aconteceu uma coisa que eu tinha sentido ontem na oficina. Quando descemos para finalizar o trabalho, começamos a ouvir os grilos, ver o espaço da abóbora estrelar, sentir o espaço onde Oswald de Andrade percebeu o sagrado, quando esteve aqui em 1924. Gostei muito de ter contracenado com o público, em conexão com o mundo exterior, com as pessoas conseguindo abrir os ouvidos e ver com olhos livres. O público estava aguçando os sentidos, completa.

 

Morador de Congonhas, o ator e diretor Eduardo Ângelo acompanhou, pela segunda vez, a apresentação do projeto Roteiro das Minas. Para ele, a cidade precisava de um espaço como o Museu de Congonhas, que atinge toda a população. Estou adorando esse tipo de evento que está acontecendo aqui. Revemos velhos amigos, fazemos novos e temos a oportunidade de ver grandes artistas de renome, pessoas maravilhosas da arte do Brasil e do mundo, destacou.

 

Exposição de gravuras

 

Outra grande estreia foi a Exposição de Gravuras, da artista plástica Yara Tupynambá, que ficará aberta ao público até o dia 29 de julho. A exposição é realizada graças à da Lei Estadual de Incentivo à Cultura pelo Instituto Yara Tubinambá, com patrocínio da Gerdau e apoio da FUMCULT, Museu de Congonhas e da Secretaria Municipal de Cultura.

 

A inauguração contou com a presença do prefeito de Congonhas; do diretor-presidente do Instituto Yara Tupynambá, José Theobaldo Junior; da superintendente do IPHAN em Minas Gerais, Célia Corsino; do secretário de Cultura de Minas Gerais, Angêlo Oswaldo; do diretor-presidente da FUMCULT e parceiros da Gerdau. A artista plástica deve ir ao Museu de Congonhas nos próximos dias.

 

O diretor-presidente do Instituto Yara Tupynambá e curador da exposição, José Theobaldo Junior, explicou que a gravura é o que se tem de mais delicado na arte. A exposição tem uma sequência de leitura. Começa pela xilogravura, que é impressão em madeira. Depois vai para a litogravura, que é a impressão na pedra, a celigrafia, que é uma outra técnica, e, por último, vemos o que é mais atual, a impressão feita a partir de impressoras digitais, explicou.

 

Para a FUMCULT, que administra o Museu, a exposição marca a parceria entre o Museu de Congonhas e a Gerdau. Além da mostra de gravuras, a empresa apoia, ainda, o curso de Gestão Cultural que será promovido este mês. A Gerdau incentiva desde a cultura local, através da produção teatral, até a música, com o Caixa Acústica. A empresa tem ajudado a organizar vários eventos aqui na cidade, com projetos parceiros que ela patrocina em Minas Gerais. Como exemplo, é possível citar a apresentação da Orquestra Sinfônica de Ouro Preto. Esta semana, terá início o curso de Gestão Cultural, destinado à comunidade artística, que vai acontecer no Museu.

 

Para o Governo Municipal, o Museu de Congonhas está sendo muito importante não só para Congonhas, mas para a região. Moradores de cidades vizinhas têm participado das quartas-feiras culturais. A agenda cultural conta com 100 eventos até o fim do ano, com artistas locais e de outros estados.