Mudanças climáticas são atribuídas a agressões ao meio ambiente

por André Candreva publicado 26/03/2018 15h24, última modificação 03/02/2020 13h30

Responsável pela degradação do planeta, o ser humano busca maneiras de reverter os estragos e conter a fúria da natureza, que começa a cobrar um preço alto pelas modificações no clima mundial. A sequencia de terremotos, nevascas e chuvas torrenciais são avisos de que a terra sentiu o baque de tantas agressões.


A presidente do State of The World Fórum (SWF) no Brasil, Emília Queiroga Barros, defende a busca de novos modos de produção que não sacrifiquem o meio ambiente, a preservação dos mananciais de água potável e mudanças nas leis de consumo, como desafios de especialistas e os donos dos meios de produção.


Ela coordena o 1º Fórum Mundial de Liderança Climática, em Mata de São João, na Bahia, que termina hoje. O evento faz parte da Campanha Global de Liderança Climática Brasil 2020, lançada no ano passado.


Para Emília Barros, se não houver uma mudança de comportamento, a vida em nosso planeta terminará por ignorância humana. “O homem precisa saber que a vida no ‘shopping’, como ele trata o planeta, consumindo tudo que encontra pela frente, está acabando e a natureza começa a cobrar um preço alto”, afirma.


A partir dos resultados do trabalho de 240 especialistas reunidos no encontro de Belo Horizonte, em agosto do ano passado, quando ficou acertado que era preciso reduzir as emissões de poluentes na atmosfera, o fórum da Bahia busca uma nova maneira de construir uma economia voltada para a preservação do meio ambiente, da qualidade vida e respeitando os limites impostos pela exploração indiscriminada das matérias primas.


A “cobrança” a que Emília Barros se refere são os recentes terremotos, chuvas torrenciais e furacões que castigam o planeta. “Os cientistas concordam que as mudanças provocadas pelo desmatamento e a mineração indiscriminada estão alterando significativamente o clima da terra. Veja os exemplos do Haiti, do Chile e das chuvas n Rio de Janeiro”, diz Emília Barros.


Segundo ela, a visão empresarial e produtiva já está mudando. “Faz muito tempo que o mundo é movido por combustíveis fósseis, e o novo século exige uma nova ordem mundial”. Emília Barros afirma que, com empresas preocupadas com a denominada economia climática, em que parte dos investimentos dos grandes conglomerados produtivos estão sendo destinados à recuperação de áreas devastadas, novas tecnologias, menos poluentes, estão sendo implantadas.


Na abertura do fórum, na última quinta-feira, na Bahia, o presidente mundial do SWF, Jim Garrison, enfatizou que o planeta avisa a todos que há necessidade de mudança, e o atual estágio de desenvolvimento não tem para onde seguir sem destruir a natureza.


O Fórum de Liderança Climática reúne planejadores municipais e especialistas em planejamento urbano de vários países, para discutir novas tecnologias para o futuro urbano, incluindo as Normas Internacionais de Ecocidades, conceito que começa a ganhar força, principalmente na Europa.


Primeiro passo em Minas Gerais


Como primeiro resultado do encontro do ano passado, em Belo Horizonte, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) assinaram, no início deste mês, um protocolo de intenções com a iniciativa privada, para a diminuição do lançamento de gases que provocam o efeito estufa.


No mesmo convênio, foi lançado o registro público de emissões de gases estufa, num programa que pode ser acessado por computador. A iniciativa é inédita no Brasil e, no formato adotado por Minas, existe apenas na Austrália e na Califórnia (EUA).