Minerar com inovação é tema de congresso

por André Candreva publicado 27/03/2018 06h13, última modificação 27/03/2018 06h13

Fonte: Hoje em Dia

 

Mais que o tema do Congresso Brasileiro de Mineração, a inovação é uma saída para os tempos de crise na atividade. Na expectativa da realização do World Mining Congress, um dos maiores eventos da mineração mundial, que será realizado no Rio de Janeiro, de 18 a 21 de outubro de 2016, o Instituto Brasileiro de Mineração– Ibram, antecipa as discussões sobre o assunto no Congresso Brasileiro de Mineração que começa no próximo dia 14, no Expominas, em Belo Horizonte.

 

“Não só a tecnologia, mas as relações com a comunidade fazem da inovação motivo central dos debates no Congresso”, diz Rinaldo César Mancin, diretor de assuntos ambientais do Ibram, reforçando a importância do debate, sobretudo em tempos de crise e queda nos preços das commodities.

 

Rinaldo destaca a implantação do projeto S11D da Vale, em Carajás, no sul do Pará, como um exemplo do que é inovar. A mineradora fará na planta a mineração a seco, utilizando a água presente naturalmente no minério para seu processamento.

 

“Essa inovação permitirá uma economia expressiva desse insumo, essencial para a atividade, gerando economia no negócio”, completou o diretor do Ibram.

 

Minerar com menos impacto no ambiente passa a ser fundamental para o setor. O mesmo projeto, em Carajás, deixará de usar caminhões para o transporte do minério. Com correias transportadoras o impacto causado pelo consumo do óleo diesel fica minimizado. Menos diesel, menos poluição e mais economia traduzem um dos objetivos do projeto.

 

Outro exemplo de sintonia com a inovação na atividade vem da Samarco Mineração que, em Minas Gerais, realiza simulações em suas plantas utilizando cada vez menos água.

 

Atenção no uso da água

 

A mineração faz uso extensivo desse recurso, porém, muitas minas já adotam práticas mais modernas, com circuito fechado, fazendo com que a água saia da mina em menor proporção.

 

“A eficiência hídrica do processo é fundamental. Captar água custa dinheiro, a água é cara. Por tudo isso o Congresso Brasileiro terá um painel específico sobre o tema”, observa Rinaldo.

 

Ainda dentro do temário técnico do evento o Ibram reservou espaço para discussões que envolvem o futuro da mineração.

Um dos palestrantes, George Hemingway, Sócio e chefe de prática de inovação na Stratalis Consulting no escritório de Nova York, antecipará tendências do setor produtivo, com um olhar sobre a mineração.

 

Outro destaque é a presença da Kellogg School of Management. A Universidade californiana apresentará o KIN Catalyst: a Mineração do Futuro, um processo de colaboração intersetorial entre líderes de empresas de mineração, empreiteiros, fornecedores e a sociedade, mostrando uma nova visão sobre o relacionamento entre os atores que compõem a atividade da mineração. Rinaldo Mancin destaca: “As escolas de negócio começam a entender a necessidade de ampliar a compreensão dos relacionamentos econômicos e sociais das atividades produtivas”.

 

A inovação fez com que os organizadores do evento trouxessem a Belo Horizonte o Reverendo Séamus Finnum, representante do Vaticano, que abordará os “investimentos de boa-fé”, um conjunto de ações avaliadoras para um fundo de apoio a projetos especiais.

 

Painéis que discutem a produção de fertilizantes no Brasil, as terras raras minerais, os desafios do acesso a novas áreas para mineração, a discussão sobre uma nova legislação para exploração mineral nas áreas de cavernas, com a participação da Sociedade Brasileira de Espeleologia, e a importância da pequena e média empresa mineradora completam o extenso programa do Congresso.

 

Política e Economia

 

No Congresso, o panorama político e o marco regulatório do setor trazem à tona assuntos que ocupam as discussões da sociedade. A economia contará com consultores e economistas debatendo de forma estruturada o atual momento.

 

Rinaldo Mancin finaliza observando que a atividade minerária é de longo prazo, com necessidades de análises que contemplem visão mais ampla dos negócios. “Ninguém entra nesse setor esperando resultados rápidos. Os primeiros dez anos da atividade são de investimento”, diz o diretor do Ibram.