Maioria das empresas mineiras ainda não iniciou planejamento para Copa 2014

por André Candreva publicado 26/03/2018 17h25, última modificação 26/03/2018 17h25

Fonte: Estado de Minas

 

Faltando 855 dias para o início da Copa do Mundo de 2014, o tom crítico ao andamento da preparação da infraestrutura é uma constante. O poder público é policiado para agilizar a construção de estádios e organizar o transporte nas cidades. Mas, numa outra ponta, apesar de reconhecer as inúmeras possibilidades criadas pelo Mundial, o empresariado caminha a passos para lá de lentos no planejamento rumo aos jogos. E, como diz o ditado popular, “podem ver o cavalo arriado passar na sua frente e não montar”. Pesquisa divulgada ontem pelo Sistema Fecomércio Minas mostra que três em cada quatro empresas do setor de comércio varejista de Minas ainda não iniciaram o planejamento dos investimentos para a Copa’2014.

 

O estudo ouviu 422 lojistas do setor de comércio varejista em 20 cidades mineiras que pleiteiam receber seleções de futebol para treinamento às vésperas dos jogos. A opinião dos comerciantes é quase unânime de que os jogos devem impactar as vendas. No entanto, num ritmo bem brasileiro, que deixa tudo para a última hora, os lojistas devem iniciar os preparativos restando apenas seis meses para a Copa do Mundo. Nem mesmo a Copa das Confederações, em 2013, com previsão de atrair mais de 200 mil turistas, empolga para possíveis testes. A pesquisa mostra que 72,3% dos empresários não devem realizar nenhuma ação. “Uma coisa é você se sensibilizar que vai ter uma oportunidade, outra coisa é você se preparar para isso. Eles sabem do evento, sabem da importância, mas ainda não se planejaram para isso. Quem estiver preparado sai na frente”, afirma gerente de Economia, Comércio Exterior e Micro e Pequena Empresa da Fecomércio Minas, Silvânia Araújo.

 


Uma explicação para isso é que na lista de cidades pesquisadas estão, entre outras, Formiga, Ipatinga e Sacramento e por enquanto esses municípios figuram apenas na lista de candidatos a receber seleções. Assim, caso não seja confirmada a participação direta, a movimentação do comércio deve ser reduzida. Mas, se escolhidas, o tempo é considerado curto para planejar produtos, treinamento de pessoal e outros investimentos que podem alavancar as vendas no período.

 

E o pior: os empresários têm percepção clara de que precisam planejar para incrementar as vendas. Na lista de principais ações que podem melhorar as vendas estão gestão de estoques que possibilite preços mais baixos e diversidade de produtos (25,7%); ambiente atrativo para negócios (19,8%) e atendimento diferenciado (17%). “Na África do Sul (país que recebeu o último Mundial), não deram a dimensão real dos impactos da Copa. Num restaurante, os garçons eram quase todos trainees e sequer sabiam explicar como um prato era feito”, afirma o assessor de Projetos Especiais do Senac-Minas, Hegler Machado Guimarães, que esteve presente no Mundial de 2010.

 

Um impasse marca a definição sobre a abertura do comércio varejista em dias de jogos da Seleção Brasileira na Copa de 2014. Até o início da disputa, a caminhada ainda será longa, mas a decisão divide o setor. Enquanto 53,7% dos entrevistados diz ser favorável ao funcionamento nesses dias, a fatia restante (46,3%) diz preferir não trabalhar nesses dias. “Loja física só vende com as portas abertas”, afirma a gerente de Economia, Comércio Exterior e Micro e Pequena Empresa da Fecomércio Minas, Silvânia Araújo.

 

Ela avalia que a presença de mais de meio milhão de turistas estrangeiros e outros milhares de brasileiros que devem circular pelo país cria um ambiente propício para as vendas, e por isso a abertura das lojas pode garantir aumento significativo do faturamento. “É um evento que vem com fôlego de pré-Natal. É hora de arregaçar as mangas e trabalhar”, afirma Silvânia.

 

A estimativa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) é de que o segmento deixa de faturar em média R$ 57,5 milhões em cada feriado da cidade, considerando a média de vendas diárias da capital. Mas, por ser a Copa’2014 um período ainda mais aquecido, a cifra pode ser maior. Mas um fator pode aliviar a preocupação dos varejistas. A maior parte dos jogos está marcada para as 17h. Com isso, uma alternativa é que o comércio funcione meio horário, diminuindo o prejuízo.