John segue vivo na memória dos fãs e é homenageado

por André Candreva publicado 26/03/2018 16h24, última modificação 26/03/2018 16h24

Paul McCartney segue com o gás todo, compondo, excursionando pelo mundo, namorando. Mas o que John Lennon estaria fazendo hoje, se não tivesse sido assassinado com quatro tiros, no dia 8 de dezembro de 1980, em Nova York?

“Provavelmente, estaria bem mais calmo, não tão agitado como sempre foi; morando nos Estados Unidos, casado com Yoko, curtindo a vida. Da mesma forma que o Paul, mas sem tocar ao vivo, porque ele nunca gostou disso. E compondo. Não iria mudar o rumo da poesia, das músicas. Não temos mais a Guerra do Vietnã, mas, de lá pra cá, tivemos coisas muito piores. Ele estaria falando de paz e metendo o pau nos políticos. Quem nasce ativista não desiste disso” – registra Eduardo Gallo, da Yesterdays, uma das muitas bandas cover dos Beatles em Belo Horizonte.

“Acho que ele estaria no mesmo pique, e o que não falta é polêmica para ele entrar, muita guerra, música pobre nas paradas. Ele estaria botando a boca no trombone, como sempre fez”, aposta Vlad Magalhães, das bandas Glass Union e Hocus Pocus.
Vlad segue especulando: acredita que John ainda estaria com Yoko Ono (“Ela está mais bonita hoje que há 30 anos”) e que, juntos, eles usariam a Internet de um jeito bem intenso (“Eles usavam todas as ferramentas que tinham à mão, iam nadar de braçada na Internet”).

Para Vlad, Lennon voltaria aos palcos, já que planejava uma turnê mundial antes de morrer. O músico só não faz apostas sobre que artistas ele gostaria de ouvir hoje. “A onda dele sempre foi rock mais direto, sem maquiagem”, lembra, apontando Bono Vox (U2) e Thom Yorke (Radiohead) como seguidores do ex-Beatle, o primeiro pelo ativismo, o outro pela interação com o público (“A escultura humana que Thom Yorke organizou lembra o que John fazia”).

“Ele não estaria fazendo tantos shows quanto o Paul, mas teria uma carreira bem equilibrada, sólida, com muitas músicas e falando desses problemas todos do nosso mundinho, contestando coisas malucas que a gente vê por aí”, imagina Jô Andrade, da banda Hocus Pocus. Jô diz que é mais ligado à melodia que à poesia e, por isso, se identifica mais com Paul, o que não impede que seja fã de John.

“As letras do John são fabulosas. Ele colocava o sentimento numa frase, simplificava muito bem e a acertava no ponto; falava coisas fantásticas, era um letrista fenomenal. Pena que morreu muito cedo”.

Jô defende que a mágica maior está na união de John, Paul, George e Ringo. “Eles, individualmente são fantásticos, mas a soma dos quatro é muito maior que quatro, é incrível”.

Concertos e lançamentos de discos marcam a data

Para marcar a data, homenagens não faltarão, claro, como o tradicional “Dream Power John Lennon Super Live”, realizado desde 2001 em Tóquio, reunindo vários artistas, em benefício de 107 escolas de 28 países. E haverá concertos em Liverpool e no Central Park no aniversário de morte.

Em Belo Horizonte, o Hocus Pocus fará set especial com cinco releituras da carreira solo de John Lennon, no próximo domingo, no Jack Rock Bar.

O Yesterdays sobe ao palco na quarta-feira, mas animando uma festa particular.
Os (re)lançamentos, como as edições especiais dos oito álbuns da carreira solo, aconteceram em outubro, quando o ídolo teria completado 70 anos (dia 9), e já tomam conta das vitrinas.

O filme “O Garoto de Liverpool”, de Sam Taylor Wood, que narra a vida do artista antes dos Beatles, estreou em algumas capitais no último final de semana, mas ainda não há previsão de chegada às salas de BH. A trilha sonora original está nas lojas e traz 17 rocks que influenciaram o futuro Beatle, reunindo nomes como Jerry Lee Lewis, Elvis Presley e Wanda Jackson. O encerramento é com “Mother”, única cantada por Lennon.

 

Fonte: Hoje em Dia.