Indústria mineira mantém expansão acima da média nacional

por André Candreva publicado 26/03/2018 15h32, última modificação 26/03/2018 15h32

Nos cinco primeiros meses de 2010, a indústria registrou um crescimento generalizado, com expansão na produção em todas as 16 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com aumento acima dos 17,3% verificados na média nacional, na comparação com igual período de 2009, apareceram Espírito Santo (37,3%), Amazonas (29,4%), Goiás (25,7%), Minas Gerais (24,5%) e Pernambuco (18%). Nos parques mineiros, puxaram os indicadores para cima segmentos tradicionais como metalurgia básica e indústria extrativa. Mas o destaque ficou com o setor de máquinas e equipamentos, que cresceu mais de 100%.

 

Os números, apesar de positivos, são comparados a um período de economia frágil, afetada pela turbulência financeira mundial. “O Brasil sentiu os piores reflexos da crise internacional no primeiro trimestre de 2009. Então, a base de comparação é fraca”, observou o analista do IBGE Fernando Abritta.

 

Ainda de janeiro a abril deste ano, ante os cinco primeiros meses de 2009, 11 dos 13 segmentos tiveram desempenho positivo. As exceções foram fumo (-4,6%) e papel e celulose (-1,2%), sendo o último setor influenciado pelas quedas das exportações para a Europa.

 

Já o indicador acumulado nos últimos doze meses, em trajetória ascendente desde novembro de 2009 em Minas, atingiu 4,6% em maio, a maior taxa desde outubro de 2008 (6,5%).

 

No confronto com maio de 2009, a produção industrial mineira avançou 22,4%, sétima taxa positiva consecutiva nesse tipo de comparação. Neste caso os destaques também se repetem, com aumentos na metalurgia básica (41,8%), na indústria extrativa (35,5%) e no setor de máquinas e equipamentos, cujo incremento foi de 104,3%.

 

Para o vice-presidente da regional Minas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos(Abimaq), Marcelo Veneroso, a recuperação foi alavancada, principalmente, pelos setores mais voltados para a produção de bens de consumo, como plástico, embalagem, máquinas agrícolas, madeira e construção civil.

 

Já as encomendas da mineração e da siderurgia ainda não chegam com a velocidade esperada. “As empresas estão tirando os projetos da gaveta, mas poucos pedidos têm sido feitos. O real está forte e a concorrência chinesa é alta, o que prejudica os nossos negócios”, reclamou.

 

No período pré-crise, considerado de ouro, a indústria de máquinas e equipamentos chegou a empregar 250 mil pessoas no país. Hoje, são entre 230 mil e 235 mil trabalhadores, sendo 12% do pessoal empregado em Minas.

 

Na Neuman & Esser, produtora de compressores para a indústria de gás, em Belo Horizonte, as últimas encomendas devem ser entregues em um mês. Até lá, fica a expectativa de que os contratos ganhos em licitação há mais de 100 dias apareçam em forma de pedidos.

 

Em relação ao mês anterior, a produção industrial mineira avançou 1,1% frente ao mês anterior, sexto resultado positivo consecutivo. Ao lado de Minas Gerais, outras cinco das 14 regiões analisadas pelo IBGE registraram expansão entre abril e maio - Paraná (17,7%), que compensou a baixa de 15% verificada no quarto mês de 2010, Bahia (4%), Rio de Janeiro (2,8%), Região Nordeste (1,6%) e Pernambuco (1,5%).

 

Para o professor de economia da FGV-EAESP, Evaldo Alves, o desempenho da indústria brasileira nos próximos meses não será exuberante, mas, nem por isso, similar ao de um período de recessão. “Apesar da crise sistêmica que atinge a maioria dos países no mundo, principalmente na Europa, o Brasil vai manter um desempenho fora destes padrões na medida em que possui parceiros comerciais, como a China e a Índia, que estão enfrentando a crise de forma mais positiva”, pontuou.

 

Fonte: Hoje em Dia