Incêndios fazem turismo cair 90% na Serra da Canastra

por André Candreva publicado 26/03/2018 15h55, última modificação 26/03/2018 15h55

SÃO ROQUE DE MINAS – Apesar de os focos de incêndios no Parque Nacional da Serra da Canastra, no Centro-Oeste mineiro, diminuírem em 80% nos últimos três dias, e da expectativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de controlar a situação na terça-feira (31), o turismo na região não tem previsão para conseguir recuperar-se dos prejuízos. Com o fechamento do parque há 17 dias, o turismo, segunda maior fonte de renda no município de São Roque de Minas, principal cidade no Circuito Turístico da Canastra, sofreu uma redução de 90% e atingiu também outras cinco cidades que fazem parte desse circuito.

“A nascente do rio São Francisco, a parte de cima da cachoeira Casca Danta e ecoturismo na Serra da Canastra são os pontos chaves do turismo na cidade de São Roque e sem o acesso a esses locais, os turistas deixam de vir, prejudicando diretamente os mais de 30 meios de hospedagem, além dos oito restaurantes, as duas empresas de turismo e outros 30 guias/monitores ambientais. Isso sem contar o prejuízo indireto, como os postos de combustíveis, que têm um prejuízo incalculável”, disse o secretário municipal de Cultura, Esporte, Lazer, Agricultura, Meio Ambiente e Turismo de São Roque, Paulo Henrique de Matos Almeida.

Para tentar compensar a perda de receita devido à interdição do parque durante o combate aos focos de incêndio, a iniciativa privada e a administração pública pretendem realizar ações pontuais e fomentar o turismo na cidade e também na região. “A intenção, que ainda está sendo discutida, é agregar outros focos do turismo, como a cidade de Capitólio, com a represa de Furna e o condomínio de Escarpas do Lago. Além disso, pretendemos repetir o Festival de Inverno da Serra da Canastra, realizado pela primeira vez neste ano e com um público médio de 3 mil pessoas. Criando pacotes que não atendam exclusivamente São Roque, mas outras localidades próximas, pretendemos incentivar o turismo, mas sem deixar de lado a preservação ambiental”, explicou Almeida.

O turismo no Parque Nacional da Serra da Canastra representa 35% do Produto Interno Bruto (PIB) no município de São Roque de Minas (uma das principais cidades beneficiadas pela reserva), e só perde para a produção de café, milho e do queijo canastra. Ao todo, o Circuito da Canastra abrange também as cidades de Araxá, Campos Altos, Perdizes, Tapira e Sacramento. Para a gestora do circuito, Cláudia Maria Leime, o prejuízo se estende por toda a região, já que muitos municípios se localizam no trajeto da Serra da Canastra, o que complica ainda mais a situação.

O Circuito das Nascentes das Gerais, focado no turismo náutico (como a represa de Furnas) fica próximo à Serra da Canastra, e segundo o gestor Kleyber Jorge da Silveira, o movimento na região também foi afetado, ainda que em menor grau. “Acredito que essa situação seja um prejuízo não só para as localidades próximas, mas para todo o Estado”, disse.

 

Fonte: Hoje em Dia