Grupo Boca de Cena apresenta adaptação de "Desgraças de uma criança"

por André Candreva publicado 26/03/2018 20h23, última modificação 26/03/2018 20h23

Fonte: Secom

 

As artes cênicas mineiras surpreendem o público a cada temporada com montagens que apostam em linguagens e tendências diversas contemporâneas e ainda com adaptações inusitadas de grandes clássicos. Há uma novidade no cenário local. Se até então o que prevalecia era a produção de grupos de Belo Horizonte, aos poucos, começam a aparecer opções de qualidade também no interior. As desgraças de uma criança, novo espetáculo do Grupo Boca de Cena, companhia sediada em Congonhas, é mais um exemplo da tendência. A peça inédita, dirigida por Wenceslau Coimbra, estréia na cidade histórica nos dias 10, 11 e 12 de outubro, às 20h, no Cine Teatro Leon, com entrada gratuita. Em seguida, segue em turnê em novembro pela capital. O projeto tem patrocínio da Ferrous e apoio cultural da Prefeitura Municipal de Congonhas.

 

O dramaturgo Martins Pena (1815-1848), pioneiro da comédia no teatro brasileiro, deixou sua marca nas artes cênicas nacionais ao transformar situações cotidianas em comédias de costumes repletas de ironia. Sua obra faz falta aos tempos atuais e foi justamente isso que o Grupo Boca de Cena, resolveu buscar ao propor a adaptação de As desgraças de uma criança. O diretor Wenceslau Coimbra acha essencial recorrer ao autor para qualquer companhia que faça espetáculos de comédia. “Martins Pena revolucionou a comédia no Brasil, e, mesmo numa obra do século XIX, o contexto revela-se bastante atual. Trata-se de uma sátira à polícia, ao assédio moral, ao capitalismo e aos costumes. Levar as discussões do cotidiano para as artes é um dos papéis do teatro”, destaca.

 

A história conta as peripécias amorosas de dois conquistadores, às voltas com duas garotas. Uma babá pra lá de assanhada convence seu namorado a tomar conta do bebê, enquanto se diverte na festa da cidade. Porém, o avô da criança volta de repente. Junte ao drama os namoricos da viúva com o sacristão e o público pode entender todos os apuros e confusões que uma criança pode passar com esses personagens, que, entre disfarces, esconderijos e surpresas, darão ritmo à divertida trama.  Ambientada no Rio de Janeiro, em 1846, a peça explora, com bom humor, temas como triângulo amoroso, amores proibidos e casamento por interesse – de modo a gerar cumplicidade entre público e personagens.

Ao todo, entre pesquisa, expressão corporal, montagem e ensaios, foram nove meses para a construção do espetáculo. Durante a preparação, os atores se inspiraram em animais para caracterizar seus personagens (“mimese co2rpórea”), o que proporcionou gestos e semblantes únicos à interpretação, fazendo com que cada papel ganhasse a vida idealizada por Martins Pena.