Feijão já subiu 40% para o consumidor só neste mês em Belo Horizonte

por André Candreva publicado 26/03/2018 16h06, última modificação 26/03/2018 16h06

Depois de um início de ano em que prevaleceram os preços baixos – consequência do crescimento da oferta e piora na qualidade do produto - o feijão carioquinha está mais salgado no prato do consumidor. Só entre a primeira semana de setembro e a quarta-feira (22), o preço médio do quilo saltou de R$ 3,17 para R$ 4,44, uma alta de 40%, segundo pesquisa realizada pela Secretaria Municipal Adjunta de Abastecimento (Smaab) junto a 58 supermercados de Belo Horizonte. Os baixos preços pagos ao produtor no início do ano desestimularam o plantio da safra seguinte reduzindo a oferta no segundo semestre.

 

“Entre o começo do ano e setembro, o preço praticamente dobrou”, constata o coordenador da pesquisa de preços dos produtos da Cesta Básica da Smaab, João Ávila, lembrando que, em janeiro, o quilo vinha sendo comercializado, em média, por R$ 2,25.

 

Preços ao produtor quase dobraram

 

A alta na ponta do consumo é resultado da elevação dos preços pagos ao produtor, iniciada em maio, com disparada em setembro. Nesta semana, a saca de 60 quilos chegou a R$ 135,00, quase o dobro dos R$ 68,50 praticados no mesmo mês do ano passado. Em agosto, o preço médio era R$ 96,70.

 

O coordenador da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Santos Vilela, explica que a primeira safra do ano sofreu com o excesso de chuvas, que afetou a qualidade do produto.

 

“Com um grande volume em oferta e a qualidade em baixa, os preços despencaram. Com isso, o mercado se esvaziou. Em fevereiro e março, hora de plantar a segunda safra do ano, a chamada safra seca, muitos produtores recuaram e plantaram menos”, detalha Pierre.

 


Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a segunda safra de feijão deste ano foi 16% menor do que no mesmo período de 2009.

 

Segundo Pierre, os preços só devem voltar a cair no início de 2011, quando entrar a primeira, e tradicionalmente mais volumosa, safra do ano. “Em 2007, foi a mesma história, e a saca chegou a R$ 240 em Minas”, lembra.

 

Supermercados apostam em queda no consumo

 

Para o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, no entanto, a queda na demanda, em função dos altos preços praticados no mercado, deve segurar a disparada do feijão.

 

“Os principais compradores do produto estão nas classes C e D e são extremamente sensíveis às oscilações”, avalia Rodrigues, que também aposta na chegada da próxima safra de 2010, que começa a ser colhida em 45 dias, para reequilibrar os preços.

 

Nem mesmo o superintendente, entretanto, acredita que produto vá retornar aos patamares de janeiro, quando o preço médio do quilo para o consumidor final esteve em R$ 2,25.

 

“Tão baixo como estava não deve ficar. Mas o feijão pode voltar ao que estava sendo cobrado nos últimos 60, 90 dias”, avalia. Segundo pesquisa da Smaab, o quilo, em julho, vinha sendo comercializado por R$ 3,83, em média.

 

O Brasil é o principal produtor e consumidor mundial de feijão. O carioquinha responde por cerca de 90% da produção.

 

Fonte: Hoje em Dia.