Estudos indicam que desmatamento interfere na qualidade da água

por André Candreva publicado 26/03/2018 19h45, última modificação 26/03/2018 19h45

Fonte: Jornal Grifon

 

Pesquisas apontam os prejuízos causados pelo desmatamento na qualidade da água. Um Estudo recente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) alerta que o desmatamento eleva em 100 vezes o custo do tratamento da água, assim torna mais caro torná-la potável. De acordo com os dados, aliar desenvolvimento com preservação ambiental pode reduzir a ocorrência de desastres naturais e diminuir prejuízos financeiros para recuperação de locais afetados. Entretanto, os danos não se restringem à grandes desastres.

 

De acordo com a pesquisa do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), de José Galizia Tundisi, além da água em áreas desmatadas ser de baixa qualidade, ela precisa ser tratada com corretores de pH, flúor, oxidantes, desinfetantes, algicidas e substâncias para remover o gosto e o odor. Todo o serviço de filtragem prestado pela floresta precisa ser substituído por um sistema artificial e o custo passa de R$ 2,00 a R$ 3,00 cada metros cúbicos para R$ 200 a R$ 300, segundo conclusão do pesquisador.

 

Diante dos números, a Confederação Nacional de Municípios (CNM), por meio da área técnica de Saneamento, alerta que é fundamental trabalhar com a prevenção e o correto planejamento do desenvolvimento urbano municipal com vistas à sustentabilidade. A entidade também evidência as informações e as preocupações que os gestores e técnicos municipais devem ter ao planejar o desenvolvimento urbano minimizando os impactos do desmatamento nas áreas rurais e urbanas do Município.

 

Entre as ações, estão: preservar a vegetação nas bacias hidrográficas evitando que o desmatamento altere o ciclo de chuvas. Essa medida deve evitar estes prejuízos financeiros e outros danos ambientais. Essa medida também deve possibilitar a recarga de aquíferos subterrâneos e, consequentemente, impedir a redução dos recursos hídricos disponíveis para o abastecimento humano com água de qualidade melhor que em áreas desmatadas.

 

Exemplo

Um exemplo que constata a tese é o sistema Canteira que abastece a região metropolitana de São Paulo (SP). Apesar de ter tido o menor índice de chuvas em 84 anos, também tem a questão do desmatamento uma das causas para a crise no fornecimento de água para milhões de pessoas, pois que a vegetação minimizaria os impactos da seca.

 

Dados de um levantamento inédito do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, revelam que os reservatórios considerados críticos pela Agência Nacional de Águas (ANA) perderam em média 80% de sua cobertura florestal, corroborando a tese de que o desmatamento afeta seriamente a disponibilidade hídrica.