Educação é vacina contra epidemia de acidentes de trânsito

por André Candreva publicado 27/03/2018 06h39, última modificação 27/03/2018 06h39

Fonte: ALMG

 

De 40 a 50% das vítimas fatais de acidentes de trânsito morrem no local, sem nem a oportunidade de receberem atendimento médico. Não conheço nenhuma doença que faça algo parecido, diz o cirurgião geral Paulo Roberto Carreiro. Há mais de duas décadas trabalhando na emergência do Hospital Pronto-Socorro João XXIII (HPS), referência no atendimento de traumatismos, ele ressalta que a única forma eficiente de se evitar essas mortes é um trabalho educativo consistente.

 

É com esse objetivo que várias instituições realizam, desde 2014, o Movimento Maio Amarelo, que reúne uma série de ações de conscientização sobre segurança no trânsito. Em 2016, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) se uniu à campanha e vai anunciar sua participação oficialmente em reunião nesta segunda-feira (9/5/16), às 19 horas. No evento, será assinada uma carta de compromisso com a campanha, a fim de levar os temas relacionados à segurança viária para o Plenário.

 

A comparação que Paulo Carreiro faz dos acidentes de trânsito com doenças é comprovada pela quantidade de vítimas no sistema de saúde. No Hospital João XXIII, na Capital, 13% dos atendimentos são relacionados a ocorrências nas ruas e rodovias regionais. O problema se estende por todo o País. De acordo com o Ministério da Saúde, só em 2014, cerca de 200 mil pessoas ficaram gravemente feridas em acidentes de trânsito. Uma pessoa morre em acidente de trânsito a cada 12 minutos no Brasil, isso é uma epidemia, diz a coordenadora do Maio Amarelo em Minas, Roberta Torres.

 

O problema não é exclusividade brasileira. De acordo com estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), só em 2009, cerca de 1,3 milhão de pessoas morreram em acidentes de trânsito no mundo, enquanto 50 milhões sobreviveram com sequelas. São três mil vidas perdidas por dia nas estradas e ruas ou a nona maior causa de mortes no mundo. Nessas tristes estatísticas, o Brasil se destaca: é o quinto lugar mundial em número de mortes em acidentes de trânsito.

 

Para mudar essas estatísticas, o movimento, a partir de ações coordenadas conduzidas pelo poder público e pela sociedade civil, pretende engajar a sociedade com uma série de ações educativas sobre a segurança viária, seguindo o modelo de campanhas como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, que abordam, respectivamente, os cânceres de mama e de próstata. Em sua 3ª edição, o trabalho é parte de um esforço global encabeçado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que definiu o período entre 2011 e 2020 a Década de Ações para a Segurança no Trânsito.