Demanda maior eleva o preço do leite para o produtor

por André Candreva publicado 26/03/2018 17h20, última modificação 26/03/2018 17h20

Fonte: Estado de Minas

 

Em janeiro deste ano, em pleno pico da safra, quando o preço do leite ao produtor geralmente despenca, o litro ficou 13,99% mais caro na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq). O motivo do encarecimento é o aumento do consumo de lácteos.

 
Em janeiro do ano passado, o leite era vendido pelos produtores de Minas por R$ 0,7211, valor 18,23% maior do que o do mesmo período de 2010.
A pesquisadora do Cepea/Esalq Aline Ferro, lembra que, em 2011, os produtores enfrentaram problemas climáticos. No período chuvoso, houve forte estiagem em diversas regiões, o que impediu a queda expressiva dos preços.

 
No primeiro mês de 2012, os preços seguiram a mesma tendência de elevação e ficaram em R$ 0,8220, 13,99% mais altos do que no mesmo período do ano anterior.

 
Apesar de o leite estar saindo mais caro das fazendas, houve queda expressiva no varejo. Na ponta do consumo, os preços recuaram para R$ 1,87 desde o fim de 2010, se aproximando do patamar de R$ 1,85 por litro, conforme a pesquisa de cesta básica apurada pela Secretaria Municipal Adjunta de Segurança Alimentar e Nutricional de Belo Horizonte.

 
Se comparados os preços praticados em outubro do ano passado, no início da safra, e janeiro deste ano, a bebida ficou 8,4% mais barata para o consumidor final, com queda de 5,51% no preço pago ao produtor. Porém, a redução deveria ter sido de pelo menos 20% nesse período, segundo o presidente da Comissão de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Rodrigo Alvim.

 
O diretor executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira, analisa que, com a demanda em alta, os produtores estão sendo mais bem remunerados agora. Dados do Silemg revelam aumento de 6,39% no consumo de produtos lácteos em todo o país entre 2009 e 2010, passando de 29,5 bilhões de litros para 31,5 bilhões de litros. Esses dados incluem leite sem tratamento e pasteurizado, UHT, em pó, queijo e outros produtos.

 
Os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes aos três primeiros trimestres de 2011, dão conta de um aumento de 3,2% no consumo de leite pasteurizado na comparação com o mesmo período do ano anterior. A demanda passou de 15,4 bilhões de litros para 15,9 bilhões, 500 milhões a mais.

 
Também contribuem para a elevação de preços o aumento do salário mínimo, que ajuda a encarecer o custo da produção. Segundo Rodrigo Alvim, a mão de obra representa 10% do custo de produção do leite.

 
Outro fator é a valorização das commodities no mercado internacional, o que encarece as rações que alimentam o gado. O impacto no valor de produção é da ordem de 40%.

 
A professora Ana Maria Carvalho, de 35 anos, é uma das consumidoras que sentem no bolso o encarecimento do leite longa vida. Ela tem uma filha de quatro anos que consome diariamente a bebida. “No início do ano, o preço ficava bem mais baixo. Agora, não vejo tanta diferença mais. A impressão que dá é que ele só aumenta”, observa.