Centro Cultural do Cine Brasil abre portas para mostrar obras

por André Candreva publicado 26/03/2018 15h30, última modificação 26/03/2018 15h30

“Quantas surpresas ainda virão?”, pergunta Alberto Camisassa, diretor-presente da Fundação Sidertube, responsável pela restauração do prédio do Cine Brasil. Cada etapa de trabalho significa uma descoberta – como pinturas e ladrilhos originais. “É por isso que não podemos falar com certeza em valores e tempo de duração da obra”, observa.

Na tour realizada para jornalistas, na tarde de ontem, percebe-se que ainda falta muita coisa, principalmente no acabamento, mas o projeto de um grande centro cultural no coração de BH – iniciado há quatro anos – já toma forma. A previsão é que a inauguração aconteça em 2012, abrigando as mais variadas manifestações artísticas.

Aberto em 1932, um dos cinemas mais frequentados no Brasil está passando por um processo de restauração que tenta preservar a sua arquitetura original ao mesmo tempo que tem um pé na modernidade. “Queremos colocar o prédio o mais parecido possível com o que era nos anos 1930, resgatando o charme e a imponência. Era o mais alto daquela época”, registra Camisassa.

O lado moderno ficará por conta da criação de um último andar que não existia. “O prédio era em forma de U e o meio dele era mais baixo, com sete andares, onde era o telhado. A parte em volta era formada por salas onde funcionavam consultórios e empresas de distribuição”, diz.


O novo andar – que não pode ser visto da rua – foi construído justamente sobre este vão. A inovação é que, após perceberem que a estrutura do prédio não suportaria este peso extra, foram colocados 11 tubos de aço que saem do chão para sustentar uma laje que abrigará um salão para eventos diversos, de até 800 pessoas.

Mesmo a estrutura antiga ainda surpreende os restauradores. O telhado de concreto do cinema se valeu de uma técnica que deixou os engenheiros encantados por sua ousadia. “Na época, já era de vanguarda. E ainda hoje permanece ousada”, destaca.
A dobradinha entre nostalgia e modernidade também está presente no interior do Cine Brasil, que fechou as suas portas em 1999 por conta da decadência da região central da cidade.

Enquanto os restauradores fazem um trabalho de formiguinha, recuperando detalhes da pintura original que apontam para o maior acervo de art decór do Estado, a necessidade de conforto levou a uma diminuição do número de lugares, passando de 1.600 para 1.200.

O investimento total foi de R$ 35 a 40 milhões, com R$ 30 milhões oriundos de renúncia fiscal através da Lei Rouanet.

 

Fonte: Hoje em Dia