Censo 2010 - População deverá "encolher" na Capital mineira

por André Candreva publicado 26/03/2018 16h24, última modificação 26/03/2018 16h24

Belo Horizonte dá sinais de saturação em termos populacionais. De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade é a segunda com menor crescimento (6,12%) no número de habitantes entre as capitais brasileiras nos últimos dez anos. A capital mineira só perde para Porto Alegre (3,63%), no Sul do país. Demógrafos avaliam que a tendência de desaceleração do crescimento é nacional para as grandes metrópoles nos próximos 30 anos.

 

A taxa de fecundidade em queda (atualmente, de 1,8 filho para cada mulher) e o processo migratório para municípios da Região Metropolitana de BH contribuem para o encolhimento do número de belo-horizontinos. “Esses dois fatores combinados apontam para a diminuição do tamanho da população da capital”, atesta o demógrafo e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alisson Flávio Barbieri.

 

Barbieri lembra que a taxa de fecundidade abaixo de dois filhos por mulher, medida em 2009, indica a tendência de estabilização do crescimento. Além disso, a “onda migratória” que marca a capital também é outro indício que poderá, inclusive, agilizar o processo de decréscimo da população.

 

“Ao contrário do que se pensa, não é o nordestino que migra mais. Historicamente, esse é o perfil do mineiro”, diz a chefe do IBGE em Minas Gerais, Maria Antônia Esteves da Silva. Mas a avaliação atualizada dessa tendência só será conhecida, em detalhes, no ano que vem.

 

De acordo com Maria Antônia, até o final de junho de 2011 o instituto irá divulgar para onde o belo-horizontino está se mudando. “Temos algumas evidências, como o crescimento das cidades da região metropolitana, mas ainda não há nenhum dado de análise”, justificou. Em função do crescimento dos 34 municípios da RMBH, de em média 20%, desconfia-se que as cidades do entorno da capital sejam as preferidas.

 

A onda migratória tem uma explicação no pequeno território da capital, de aproximadamente 30 mil quilômetros quadrados. “Há algum tempo, o crescimento na capital só é possível na vertical”, diz Maria Antônia.

 

Para belo-horizontinos de maior aquisitivo, os condomínios fechados de Nova Lima têm sido a saída. A cidade ocupa a 12ª posição no ranking dos municípios da RMBH que mais cresceram nos últimos dez anos, saltando de 64.387 para 81.162 habitantes.

 

“A vantagem continua sendo a tranquilidade. A desvantagem é o trânsito para quem vai a BH trabalhar e estudar”, afirma a estudante de Direito Ana Luiza Mesquita de Almeida, 23 anos, há 20 vivendo em Nova Lima. Para a empresária Nardha Murta Magalhães, 36 anos, casada, mãe de um menino de 5 anos e à espera do segundo filho, os constantes congestionamentos para quem precisa ir a Belo Horizonte podem ser compensados pela beleza do lugar. “Da minha casa posso ver as serras do Curral e da Piedade”, diz.

 

O IBGE também constatou decréscimo do número de moradores por domicílio. Em Minas Gerais, desde 1991, vem diminuindo a quantidade de pessoas por residência. Naquele ano, eram 4,22, contra 4,01 em Belo Horizonte. Esses números caíram, em 2000, para 3,73 e 3,52, respectivamente. Em 2010, continuaram em queda: 3,29 no Estado e 3,12 na capital.

 

No primeiro semestre de 2011, o IBGE vai revelar informações detalhadas sobre o perfil desses moradores: idade, raça, nível escolar e religião.

 

No mesmo relatório, irá divulgar a condição das habitações em todo o país, com dados sobre saneamento, acesso a internet e eletrodomésticos, que ajudam a traçar o perfil socioeconômico dos moradores.

 

O aumento populacional nas regiões mineiras também consta do primeiro relatório do IBGE. O Triângulo Mineiro, o Vale do Aço e a Região Metropolitana de Belo Horizonte reúnem as cidades onde houve maior crescimento do número de habitantes.

 

Para a chefe do IBGE em Minas, o crescimento no Triângulo e no Vale do Aço se justifica em função das atividades econômicas das duas localidades, que atraíram novos ocupantes. Na RMBH, de acordo com Maria Antônia, a saturação da capital leva moradores e profissionais a se transferir para cidades do entorno.

 

A chefe do IBGE chamou a atenção, ainda, para mais duas cidades mineiras: Juiz de Fora, na Zona da Mata, com crescimento de 13,37% nos últimos 10 anos. E Montes Claros, na Região Norte, onde o aumento foi de 17,93%. “No mais, houve um crescimento homogêneo no estado”, destaca.

 

Fonte: Hoje em Dia.