Brasil é o principal corredor da cocaína no mundo, diz ONU

por André Candreva publicado 26/03/2018 15h28, última modificação 26/03/2018 15h28

A ONU (Organização das Nações Unidas) coloca o Brasil como "principal corredor da cocaína no mundo" em relatório divulgado nesta quinta-feira (17). Baseado em dados das apreensões de 2008 - os últimos tabulados pela entidade -, o órgão identificou uma rota que vem dos países andinos - Colômbia, Peru e Bolívia - e cujo destino final é a Europa, passando antes por países africanos.

Cerca de 10% dos navios que transportavam drogas identificados por forças de segurança do mundo tinham como origem o Brasil. Outros 11% tinham como origem países da África Ocidental, que serve de entreposto para a droga que sai do Brasil com destino à Europa. A Venezuela reponde por mais da metade das embarcações (51%).

Pela América do Sul passaram, em 2008, 212 toneladas de cocaína, sendo que 124 toneladas tinham com destino a Europa. O volume representa R$ 60,7 bilhões (U$ 34 bilhões).

Outro dado que embasa a afirmação da ONU de que o Brasil é o principal corredor de cocaína do mundo é a origem dos traficantes estrangeiros presos em Portugal, país considerado distribuidor interno da cocaína na Europa: 14% são de Cabo Verde, 9%, de Guiné-Bissau (ambos países integram a rota que parte do Brasil) e 5%, do Brasil. Sem considerar a metade dos traficantes que são nativos de Portugal e os que vêm da Espanha, criminosos de países africanos e do Brasil são a maioria.


Para o especialista em segurança pública e coordenador do núcleo de estudos sobre violência da PUC-Minas, Robson Savio Reis Souza, a rota passa pela África como forma de estratégia dos traficantes para driblar a fiscalização.

– Antes, ia direto de avião para a Europa. Com o aumento da fiscalização, passaram a enviar por navio à África, onde há fraco controle também. O tráfico de drogas sempre busca brechas em locais onde o Estado é leniente.

Souza alerta que a tendência é que mais drogas passem pelo Brasil em razão do aumento do fluxo de mercadorias. O país passa por um bom momento econômico, o que aumenta as importações e exportações. Segundo o especialista, a falta de infraestrutura e de recursos humanos para fiscalização deve deixar passar mais material ilícito.

 

Fonte: Hoje em Dia