BH põe a mão na massa para sediar Copa de 2014

por André Candreva publicado 26/03/2018 15h36, última modificação 26/03/2018 15h36

O apito do árbitro inglês Howard Webb sinalizando, na tarde de domingo, o encerramento da partida entre Holanda e Espanha marcou mais que o fim da Copa do Mundo’2010. Aqui, em terras tupiniquins, do outro lado do Atlântico, o som estridente fez disparar milhões de corações trêmulos com o desafio de sediar o próximo Mundial, em 2014. Acabou a festa das vuvuzelas e jabulanis e chegou a hora de pôr a mão na massa, trabalhando pesado para garantir que as 12 cidades sedes do campeonato estejam preparadas para abrir as portas para um mar de atletas e turistas. Mais que isso, é preciso encarar a tarefa de planejar bem e investir de forma certeira em obras que não se transformem em elefantes brancos depois da euforia das disputas.

A oportunidade que bate à porta é para que autoridades saibam fazer dos investimentos um legado de benefícios para o país. E para a grande massa de brasileiros fica o dever de vestir a camisa não apenas para torcer pelo time do coração, mas para ajudar a arrumar a casa e receber os visitantes como bons anfitriões. Belo Horizonte já deu importantes passos nessa caminhada, que na semana passada ganhou ares de realidade com a entrada efetiva das máquinas no gramado do Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão. A capital também fez avanços no setor hoteleiro, com a assinatura, há sete dias, de uma lei facilitando investimentos em estruturas de hospedagem, e ainda pode se gabar de ser a primeira cidade sede a assinar contrato bilionário para tirar do papel obras viárias que prometem melhoras significativas para o trânsito.

Mas a festa corre o risco de não decolar e ficar literalmente estacionada nos aeroportos. Fazendo coro às palavras do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, os responsáveis pelos comitês de gestão da Copa do Mundo’2014 de Belo Horizonte e de Minas apontam a deficiência dos terminais aéreos como o principal problema para o sucesso do evento. Em entrevista no lançamento da logomarca do próximo Mundial, na sexta-feira, Teixeira declarou: “Temos os três grandes problemas para o Brasil na Copa de 2014 que são aeroporto em primeiro, segundo e terceiro.” Minas não é exceção à regra. O Aeroporto Internacional Presidente Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, sofre com a saturação e opera acima da capacidade, de 5 milhões de passageiros por ano.

Este ano a previsão é de que 6 milhões de pessoas embarquem e desembarquem no terminal e, até 2013, às vésperas da Copa, nada menos que 9 milhões de passageiros devem passar pelo aeroporto, segundo estimativas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede). “Os aeroportos nos preocupam muito, porque Confins está com sua capacidade saturada. Foram anunciados investimentos, mas não são suficientes para ampliação do terminal já existente e para a construção de pelo menos a primeira fase de um novo terminal. O ideal é que os esforços atendam não apenas o pico emergencial da Copa, e sim a demanda permanente”, afirmou o presidente do Comitê Executivo das Copas, da Prefeitura de BH, Tiago Lacerda.

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) anunciou investimentos de R$ 425 milhões para Confins. A primeira fase, ainda em andamento, prevê a modernização do estacionamento, de toda a ala internacional e do setor de embarque doméstico, além das esteiras de bagagem. A segunda etapa engloba a maior parte dos investimentos – R$ 399 milhões – e contempla reforma e ampliação do sistema de pátios e pistas e do terminal. Já terceira etapa é para a elaboração de projetos para o terminal 2, ainda sem recursos garantidos pelo governo federal.

Mineirão

Enquanto os aeroportos continuam como problema longe do fim, as máquinas já invadiram o principal estádio de Minas para transformá-lo em forte candidato para receber todos os holofotes da Copa, quem sabe até sediando a abertura do Mundial. Fechado desde o mês passado, o Mineirão passará por obras de modernização que o transformarâo numa arena para 70 mil espectadores, com estrutura semelhante às melhores do mundo. Orçada em R$ 607,8 milhões, a intervenção será em três etapas: a primeira, já concluída, na estrutura; a segunda, em andamento, com escavação e rebaixamento do gramado, demolição de parte das arquibancadas e das construções entre o primeiro e o segundo fosso; e por último, a construção de uma esplanada de 70 mil metros quadrados, novas bilheterias, melhorias do acesso para torcedores, delegações e imprensa, além de novos espaços comerciais.

“Está tudo dentro do prazo. A expectativa é de que o Mineirão fique pronto até dezembro de 2012 para que possa concorrer a cidade sede da Copa das Confederações, em 2013. Geralmente, são apenas quatro sedes, por isso é mais difícil que a própria Copa do Mundo. Mas se conseguirmos, garantiríamos mais visibilidade num evento que é teste decisivo para o Mundial”, disse Tadeu Barreto, presidente do Núcleo Gestor das Copas, do governo de Minas. O estado também investe na modernização do Estádio Joaquim Henrique Nogueira, conhecido como Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, e na reconstrução do Raimundo Sampaio, o Independência, no Bairro Horto, Região Leste da capital. Os dois espaços podem ser usados para treinos das seleções ao longo do campeonato, além de receber partidas dos campeonatos Mineiro, Brasileiro e da Copa do Brasil durante as obras do Mineirão.

 

Fonte: Estaminas