BH começa a revitalizar Áreas verdes com 18 mil Árvores

por André Candreva publicado 26/03/2018 17h17, última modificação 26/03/2018 17h17

Fonte: Estado de Minas

 

Depois de perder mais de22 mil árvores em menos de dois anos, Belo Horizonte tenta compensar o prejuízo e começa a revitalizar canteiros, passeios e áreas verdes com 18 mil mudas até o fim de março, quando termina o período chuvoso. A empreitada faz parte do projeto que pretende plantar 54 mil árvores em BH até a Copa de 2014. Antes do plantio, monitores da prefeitura passam de casa em casa, informando a população sobre as novas moradoras e perguntando sobre o desejo de receber um espécime na calçada. O Instituto dos Arquitetos do Brasil em Minas (IAB/MG) vai acompanhar o trabalho para assegurar que as mudas sobreviverão.

 

Cada uma das nove regionais da cidade terá a missão de plantar 2 mil árvores até o fim das chuvas, época propícia para o plantio de mudas. São espécies, a maioria nativas, como ipês-roxos, ipês-amarelos, quaresmeiras e oitis. O trabalho segue deliberações normativas que regulam o assunto na cidade e impedem a introdução de espécies típicas por crescer exageradamente e danificar passeios. “Onde há trânsito de pessoas, as mudas têm 2,5m, para evitar depredação”, afirma o secretário municipal interino de Meio Ambiente, Vasco de Araújo, explicando que não se trata de compensação em virtude do corte de árvores de obras em BH.

 

Em apenas duas obras para a Copa do Mundo, Belo Horizonte viu ir abaixo 1.149 árvores – 650 no Mineirão e 499 na Avenida Cristiano Machado. Considerando apenas cortes em áreas públicas, BH tinha em novembro um déficit de 7.528 árvores em relação ao início de 2010. Somente nos dois últimos anos, mais de 22 mil árvores foram ao chão.

 

“Não basta somente plantar e sabemos que não é feito na prefeitura um acompanhamento do desenvolvimento das mudas. Estamos apreensivos e vamos cobrar esse trabalho”, afirma a diretora de meio ambiente do IAB, Marimar Poblet. Segundo o secretário interino, a empresa contratada para executar o serviço tem a obrigação de acompanhar as mudas por seis meses e substituí-la em caso de morte. Se houver depredação, a prefeitura tem o dever de pagar pela substituta, ao valor de R$ 320 por espécime. No total, o plantio das 54 mil mudas vai custar R$ 17 milhões aos cofres públicos.

 


Curiosamente, em tempos onde a população cada vez mais abraça a bandeira do meio ambiente, pesquisa feita na regional Barreiro mostrou que, entre os 230 cidadãos entrevistados, mais de um quinto não concordou em ter uma árvore em frente de casa. Outros 10% preferiram não responder. De acordo com o secretário adjunto da regional, Wanderley Porto, a maioria que recusa ter uma árvore na calçada teme danos ao passeio e à rede elétrica, além da queda. “Há um certo preconceito de que a árvore vai trazer algum problema”, afirma.

 

Por outro lado, grande parte dos moradores ouvidos já se comprometeu a adotar as mudas, como o comerciante Paulo Roberto de Souza, de 51 anos, que recebeu nessa segunda-feira a visita dos monitores ambientais e autorizou o plantio das árvores na calçada da loja. “Queremos que os moradores sejam multiplicadores desse cuidado. Não adianta plantar a muda se ela não for bem-vinda. Quando terminarem as chuvas, esperamos que eles reguem as plantas e também que nos informem se houve depredação”, conta o monitor ambiental Izaltino Moraes.

 

Na abordagem, os monitores explicam sobre benefícios do verde, que ajuda a diminuir o impacto das chuvas, absorve poeira e ruídos, dá sombra e ar puro, abriga pássaros e, com isso, ajuda no combate a mosquitos, além de tornar mais o ambiente mais belo. Nascido e criado no Barreiro, o motorista aposentado João Bosco Sales Barbosa, de 61, não vê a hora de receber no passeio de casa um ipê-amarelo. Amante das plantas, há 15 anos, ele plantou na calçada duas quaresmeiras, que se tornaram ponto de referência da residência, no Bairro Miramar. Uma delas cresceu demais e será substituída por uma muda. “Antes, a região tinha muito mais árvores, era bem melhor”, diz.