Belo-horizontinos não aderiram ao Dia Mundial sem Carro

por André Candreva publicado 26/03/2018 16h05, última modificação 26/03/2018 16h05

Como faz diariamente, o empresário Marcelo Mazuhy, de 40 anos, saiu de casa nesta quarta-feira, no Bairro Buritis, Região Oeste da capital, e foi para o trabalho, no Funcionários, na Centro-Sul. A exemplo da BHTrans, que não respondeu o convite feito pelo Instituto Rua Viva para aderir à campanha Dia mundial na cidade sem meu carro, ele não deixou seu automóvel na garagem. Mesmo assim, esperava encontrar o trânsito mais tranquilo, devido à mobilização. “O tráfego continua péssimo. Como de costume, enfrentei lentidão na Avenida Nossa Senhora do Carmo, que, além da grande quantidade de veículos, está repleta de semáforos retendo o fluxo”, criticou.

A explicação de Mazuhy para não ter ido trabalhar de carro é a falta de alternativas de transporte coletivo de qualidade. “Só daria para fazer isso se tivesse outra opção, como o metrô”, afirmou. Acostumado a rodar pela cidade, o motorista Gilberto Alves Almeida, de 52, tem a mesma opinião: “O trânsito continua caótico. Ninguém vai se aventurar a deixar o veículo na garagem, enfrentar filas e ainda pegar ônibus lotado. Sem metrô, a iniciativa nunca vai funcionar.”

Por volta das 12h, ou seja, fora do horário de pico, o trânsito estava lento na Região Centro-Sul. Na Avenida do Contorno, um grande congestionamento se formou no Bairro Santo Antônio, sentido Mangabeiras. Segundo a BHTrans, o fluxo diário no perímetro da Contorno é de 470 mil carros. De acordo com Ronaldo Guimarães Gouvêa, professor do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da UFMG, a taxa média de ocupação dos automóveis na capital é de apenas 1,5 pessoa.

O especialista destaca que a solução dos problemas de mobilidade em BH depende da expansão do metrô. “Enquanto não houver transporte público de qualidade, as campanhas mostram que não dá mesmo para ficar sem carro, que sem ele não sou ninguém”, afirmou.

O Instituto Rua Viva, que promove ações de humanização do trânsito, como o fechamento de quarteirões, transformados em espaços de lazer, informou que há dois anos consecutivos a BHTrans não adere ao movimento. Neste ano, participaram da campanha Contagem e Betim, na Grande BH, Uberlândia e Araguari, no Triângulo, Manhuaçu, na Zona da Mata, Araxá, no Alto Paranaíba, e Três Corações, no Sul de Minas.

Em comemoração ao Dia mundial na cidade sem meu carro, um grupo de voluntários da organização não governamental (ONG) Greenpeace transformou uma vaga de estacionamento em frente ao Palácio das Artes, no Centro, em “vaga viva”. Os ambientalistas se sentaram em almofadas e aproveitaram o espaço para ler, tocar violão e conversar. “A ideia é mostrar que dá para usar áreas destinadas ao carro como espaço cultural”, disse a coordenadora do grupo, Bárbara Viegas.

 

Fonte: Estaminas