6º Encontro de Autos Antigos de Congonhas - Lotação esgotada

por André Candreva publicado 26/03/2018 21h34, última modificação 26/03/2018 21h34

Fonte: Maxicar

Foto: Aerobull

 

Nos perdoem o trocadilho! Mas foi uma verdadeira romaria de automóveis antigos na manhã de domingo — 28 de junho — à 6ª edição do Encontro de Autos Antigos de Congonhas, a cidade histórica mineira nacional e mundialmente conhecida por causa das esculturas dos 12 Profetas de Mestre Aleijadinho.

 

Foram mais de 200 veículos em exposição dentro do recinto da Romaria — a construção histórica que mais uma vez foi o palco do evento — além de outros 50 perfilados na alameda de entrada. Eram os veículos dos sócios e simpatizantes do Clube dos Quadrados de Congonhas — um dos clubes co-irmãos convidados para a festa. O outros dois foram o Opaleiros da Real e o JeeProfetas.

 

Para quem não sabe, são chamados de quadrados, os automóveis fabricados pela Volkswagen nos anos 1980 e meados de 90 que tem como característica principal de design as linhas retas, angulosas e vincadas, caso de Gol, Parati, Saveiro, Voyage e Passat. Este apelido surgiu em 1994, quando a Volkswagen apresentou a primeira grande reestilização do Gol, após 14 anos de seu lançamento. A nova versão tinha linhas arredondadas, um estilo mais de acordo com a época e foi logo apelidado de Gol Bolinha. Daí para os antigos receberem a alcunha de quadrados foi um pulo…

 

Foi sem dúvida uma das edições de maior sucesso deste evento organizado pelo Clube de Autos Antigos de Congonhas. O encontro teve início no sábado (27), mas neste dia o número de veículos foi mais modesto, como sempre acontece nos realizados em dois dias, situação agravada ainda pela chuva que insistia em cair em todas as cidades daquela região mineira — de Belo Horizonte a Juiz de Fora — sem falar do frio, mostrando que o inverno chegou… No lugar de bermudas e camisetas, calças compridas, muitos agasalhos, e às vezes até aguarda-chuvas.

 

Já no domingo tudo foi diferente: muito sol e aquele calorzinho gostoso de inverno, fazendo com que os antigomobilistas se animassem a tirar suas preciosidades da garagem. Cerca de 20 clubes estiveram oficialmente representados.

 

A grande novidade deste ano ficou por conta do caráter beneficente da festa: para inscrever seu veículo, o antigomobilista tinha que levar 5 quilos de alimentos não perecíveis ou doar R$ 15,00. O montante teve destino certo: A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais da cidade — APAE, entidade filantrópica de caráter assistencial, educacional e terapêutica, que sobrevive graças a doações. Além disso, a praça de alimentação foi exclusivamente atendida pela própria APAE e também pelo Rotary Club. Comida boa, gostosa e a preços para lá de justos. Tudo em nome de nobres causas! Exemplo a ser seguido!

 

Alunos da APAE participaram da cerimônia de abertura, que aconteceu por volta das 2 horas da tarde de sábado. Presença do Prefeito José de Freitas Cordeiro e da Secretária de Cultura Miriam Palhares. Houve ainda a apresentação da Sociedade Musical Nossa senhora D’Ajuda, do distrito de Alto Maranhão, formada em sua maioria por crianças e adolescentes.

 

Na noite de sábado os antigomobilistas e seus acompanhantes se divertiram a valer em mais um jantar dançante com musica ao vivo, na Churrascaria Zé Dias. A pista de dança ficou lotada. O repertório musical foi dos clássicos americanos dos anos 1960, ao forró pé-de-serra e o sertanejo universitário. Pura alegria e descontração.

 

É claro que não faltaram belos automóveis a serem admirados. Caso do Chevrolets Fleetline 1948 e Bel Air 1954, do Corvette Conversível 1973 e dos Fords Mustang Hardtops 1966, para citar alguns modelos norte-americanos.

 

Presentes também dois exemplares da marca alemã Opel. O Kapitan 1951 é companheiro de estrada e de eventos de Ernandes Ramos há exatos 47 anos. Morador de Barbacena, ele possui na garagem outros dois carros antigos, mas o sedan da Opel é seu dúvida o seu favorito inquestionável. Já o antigomobilista Paulo Affonso Salvini venceu os 300 quilômetros de viagem desde Petrópolis-RJ com seu Olympia sem qualquer contratempo. O hatch com motor 1.2 é um antepassado dos nacionais Chevette e Kadett. Aliás, é baseada em modelos de Opel a linha de automóveis da Chevrolet aqui no Brasil. Opala, Monza (que lá se chamava Ascona), Corsa, Astra e Omega são apenas alguns dos exemplos.

 

Outro Alemão — esse um velho conhecido dos brasileiros — também nos chamou a atenção. O Volkswagen 1953 do evento é um exemplar especial. Primeiro por se tratar de um Split — vigias traseiras bi-partidas. Depois por ser de uma serie especial de transição, que já foi fabricada com o painel mais moderno dos Fuscas com vigias ovais produzidos a partir do segundo semestre daquele ano. Muito raros, os VWs com essas características são chamados de Zwitter, que em alemão significa hermafrodita. E além de um farol caça-mulata, o Fusca de Robison Fernandes, de Belo Horizonte, possui um acessório de época muito precioso: o volante alemão Petri Superb estilo banjo. Muito desejado, ele foi produzido na época para uso nos VWs e nos Porsches 356. Uma curiosidade: a mulher no centro do volante é conhecida como Golden Lady.

 

Entre os nacionais vários modelos da linha Willys Overland: quatro belos exemplares do Aero Willys; Rural 1972 e pick-up F75 1970 (quando a empresa já havia sido vendida para a Ford); e diversos exemplares do Jeep. Expressiva também as quantidade de Opalas, com destaque para o Coupê Gran Luxo automático fabricado em 1974 e para a Caravan 1979.

 

A Variant vermelha fabricada em 1972 do simpático Sebastião Milagres nos chamou atenção. À primeira vista, acha-se que é uma Variant normal, que foi mal restaurada, já que nela faltam vários detalhes. Mas não. Trata-se de um fracasso de vendas na época e que se tornou um modelo raríssimo hoje. A Standard não possui externamente os frisos laterais, de caixa de roda e dos vidros. Não possui também os vidros basculantes traseiros. Internamente, a forração dos bancos é simplificada, iguais à do Fusca 1300 daquele ano e ela não possui o acabamento padrão jacarandá no painel e nos forros laterais. Ainda bem que alguém se propôs a preservar tão bem um exemplar como esse, sem alterar em nada as suas características. O carro de Sebastião é inteiramente original de fábrica, inclusive a pintura.

 

Havia ainda, diversos Galaxies, Fuscas Chevettes; alguns Corcéis; um belo Maverick Sedan 4 portas1976; utilitários Chevrolet Brasil Amazona, sua sucessora Veraneio e pick-ups C10; dois VWs SP2 muito originais.

 

Um dos veículos mais fotografados foi um Jeep M38 1951. Despertou o interesse do público não pelo seu impecável estado de conservação, ou por ser um veículo muito raro, e sim pelo que representa. O veículo militar americano em questão — chamado de Velho Joe — pertence ao aventureiro Norberto Boddy, de Santa Catarina. Mas esse assunto não fará parte dessa cobertura, mas de uma reportagem especial que irá ao ar nos próximos dias… Aguarde!