1/3 dos lares mineiros são precários, aponta pesquisa do IBGE

por André Candreva publicado 26/03/2018 15h46, última modificação 26/03/2018 15h46

Quase metade das moradias brasileiras não tem condições adequadas de habitação, aponta o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2010 (IDS), divulgado nesta quarta-feira (1º) pelo IBGE. O levantamento, feito em 2008, analisou a densidade de moradores por dormitório, a coleta domiciliar de lixo, o abastecimento de água e a presença de rede geral de esgoto ou fossa séptica nas residências. O estudo concluiu que 43% dos lares do país estão longe de oferecer condições dignas de vida. Em Minas Gerais, 31,2% dos domicílios são inadequados.

 

Das 6,1 milhões de moradias permanentes pesquisadas pelo IBGE no estado, há dois anos, 13,5% tinham seus quartos ocupados por mais de duas pessoas. Outros 12, 4% não eram ainda servidas por água encanada e 19,6% não contavam com rede esgoto ou sequer uma fossa séptica. O serviço de coleta de lixo não chegava a 12,1% dos lares mineiros.

 

Os índices apurados no estado são piores que as taxas registradas pela Região Sudeste, que tem 27,5% de domicílios inadequados. Dos 25, 3 milhões de domicílios particulares permanentes que existiam na região em 2008, 16,2% tinham mais de dois moradores por quarto, 8,2% não eram abastecidas por água, 11,2% não tinham esgotamento sanitário e em 4,4% não havia coleta de lixo.

 

Outro parâmetro que ajuda a desenhar a situação de Minas é dado pela taxa de internações hospitalares por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado. No Brasil, são 308,7 internações para cada grupo de 100 mil habitantes, média puxada por estados como o Piauí (922,8) e o Pará (914,9). Já em território mineiro, o índice é quase a metade do nacional: 153,4. Entre as patologias que mais acometem a população estão diarreia, febre amarela, leptospirose, micoses e outras. Todas são evitáveis por meio de investimentos em saneamento e ações preventivas.

 

De acordo com o IBGE, o número de domicílios adequados para moradia vem crescendo no Brasil nos últimos anos. Mas a situação não é satisfatória. Em 2008, aproximadamente 25 milhões de lares brasileiros eram inadequados.

 

O instituto também alerta para os contrastes regionais e interestaduais. O estudo constata a existência de dois “Brasis”, um representado pelas regiões Norte, Centro-Oeste (com exceção do Distrito Federal) e Nordeste, com médias inferiores à nacional. Um “outro Brasil”, que abrange o Centro-Sul do país, apresenta valores superiores à média nacional. Enquanto no Sudeste 72,5% dos domicílios são adequados, na Região Norte, a proporção cai para 28,6%.

 

Em nota, o Governo mineiro informou que o estudo mostra que o Estado tem um dos melhores índices de atendimento em abastecimento de água e esgotamento sanitário. Enquanto no Brasil o percentual de cobertura com os serviços de esgoto é de 45,70%, diz a nota, a Copasa atende 83% dos domicílios dos municípios onde atua. “No Brasil, o percentual de domicílios com atendimento com rede de distribuição de água é 78,60%, a Copasa apresenta um índice de 98%”.

 

Ainda conforme o Governo, de 2003 para cá, o atendimento com água tratada foi ampliado para mais de 2,4 milhões de pessoas. Mais de 2,7 milhões de habitantes também passaram a ser atendidos com esgotamento sanitário. Estima-se que o percentual de tratamento dos esgotos coletados, que no fim de 2002 era de 27%, salte para 70% até o fim deste ano, representando um acréscimo de 118%. Ainda de acordo com a nota, foram implantadas 7,9 mil quilômetros de novas redes de água e outros 6 quilômetros de redes coletoras de esgoto.

 

A nota esclarece, porém, que a Copasa atende, com serviços de esgoto, apenas 203 dos 853 municípios mineiros. Já com abastecimento de água, a cobertura chega a 613 cidades.

 

Fonte: IBGE