Zé Arigó
O Fenômeno Paranormal
Zé Arigó São muitos, das mais diversas partes do Brasil e do mundo, os turistas que chegam diariamente a Congonhas para conhecer de perto o valioso acervo cultural deixado pelo mestre Aleijadinho no Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos.
Houve um tempo, entretanto, que o maior número de visitantes vinham movidos pela fé, esperança de cura de várias doenças, até mesmo as consideradas "incuráveis". Vinham porque acreditavam na cura paranormal de Zé Arigó, o maior fenômeno mediúnico do Brasil.
Em Congonhas, Zé Arigó realizou durante vinte anos as curas mais surpreendentes. Através do espírito do médico alemão, Adolf Fritz, diagnosticava, dava receitas e até operava se necessário fosse, mas não permitia nunca que um paciente voltasse sem a sua assistência.
José Pedro de Freitas, o Zé Arigó, nasceu em 18 de outubro de 1922 na Fazenda do Faria, localizada a 6 km de Congonhas. Teve infância semelhante à dos meninos pobres de sua geração, e os poucos recursos da família não lhe permitiram estudos além do terceiro ano primário. Aos quatorze anos empregou-se na Companhia de Mineração Ferro e Carvão, onde trabalhou durante seis anos. Além da primeira experiência profissional, José Pedro ganhou também nessa época, o apelido que depois o tornaria famoso em todo o Brasil: Zé Arigó.
Por volta de 1950, Zé Arigó começou a apresentar alguns distúrbios que o perturbavam de modo peculiar. Fortíssimas dores de cabeças, insônias, transes e visões que o levaram bem perto da loucura. E uma voz que sempre o acompanhava por onde quer ele fosse. Visitou médicos e especialistas, mas durante três anos sofreu tais perturbações não havendo tratamento que melhorasse seu sofrimento.
Um dia, a voz que o perseguia tomou corpo e Zé Arigó pôde ver um personagem totalmente calvo, vestido de avental branco e supervisionando uma equipe de médicos e enfermeiros em uma enorme sala de cirurgia. Este personagem lhe falava numa língua que ele não entendia, mas a mensagem enviada por ele Zé Arigó não teve dificuldade de compreender. O Dr. Fritz o escolhera, seria seu guia para realizar curas consideradas até impossíveis. Uma força que ele chamava de "estranha" fez de suas mãos rudes acostumadas a lidar com grosseiros instrumentos de trabalhos, mãos hábeis, capazes de manejar bisturis e agulhas.
Em 1950, Zé Arigó aceitou esse chamado sobrenatural e começou a atender pessoas doentes que precisavam de auxílio. Em pouco tempo, Congonhas passou a receber milhares de pessoas, que procuravam Zé Arigó quando os recursos da medicina tradicional se esgotavam. Diariamente, chegavam a Congonhas inúmeras caravanas dos mais diversos Estados. Antes famosa por seu valioso patrimônio cultural e artístico, a cidade passou a ser conhecida também pelo poder de cura de Zé Arigó, poder este que, segundo ele, surgia do espírito do Dr. Fritz, e que trouxe a Congonhas inclusive pessoas vindas da Europa e Estados Unidos. Chegavam também inúmeras caravanas vindas da Bolívia, Uruguai, Paraguai, Argentina e Chile. Durante muito tempo, Congonhas esteve interligada a Buenos Aires e Santiago do Chile por uma linha de ônibus direta e regular. Nessa época, nem mesmo a cidade do Rio de Janeiro era ligada a Buenos Aires através de transporte rodoviário.
Arigó enfrentou diversos problemas de ordem religiosa e legal. Numa cidade tradicionalmente católica como Congonhas, não foi fácil romper barreiras e trabalhar dentro da linha do espiritismo. A Igreja o combatia e não chegou a aceitar seu trabalho mediúnico. Entretanto, Zé Arigó não criou inimizades com o clero durante o tempo em que realizou o seu trabalho. Virgílio Rodrigues, sempre foi seu amigo a despeito das diferenças religiosas existentes.
Já no plano legal as coisas sempre foram mais complicadas. Em 1956, a Associação Médica de Minas Gerais instaurou processo acusando Zé Arigó de prática de curandeirismo, foi condenado a quinze meses de prisão, teve a pena reduzida á metade e não chegou a ser preso, pois foi indultado pelo presidente Juscelino Kubitschek. Em 1962, foi novamente processado e preso durante sete meses em Conselheiro Lafaiete, por exercer medicina ilegal. Continuou sua missão dentro do presídio e voltou a Congonhas ainda mais prestigiado.
Independente de qualquer controvérsia no âmbito médico ou legal, é inegável as curas fantásticas que ele realizou. Durante muitos anos os "milagres" se multiplicaram e as suas curas desafiaram o mundo médico e católico. Ele era naturalmente mais que um espírita disposto a fazer caridade. Segundo muitos estudiosos, era dotado de faculdades paranormais excepcionais e foi justamente este fenômeno que lhe permitiu diagnósticos tão preciosos, que suscitaram inclusive a curiosidade de uma equipe de médicos norte-americanos.
Em 1963, o Dr. Andrija Puharich, médico e cientista da Nasa, esteve em Congonhas e iniciou um trabalho de pesquisa em Zé Arigó, que foi complementado por outros médicos de sua equipe durante os cinco anos posteriores. Muitos nomes conhecidos internacionalmente passaram dias em Congonhas, portanto sofisticada aparelhagem, com a finalidade única de estudar os trabalhos de Zé Arigó. Cientificamente não conseguiram muito, mas provaram que a medicina praticada por aquele paranormal não comportava ilusionismo ou feitiçarias. Não souberam desvendar como, mas concordaram que os diagnósticos e as operações realizadas eram de alta precisão e eficiência.
Em 1968, dois médicos americanos chegaram á Congonhas para complementar as pesquisas. Os doutores Laurence John e P. Aile Breveter, da William Benk Psychic Foudation, declararam que mais de 95% dos diagnósticos de Zé Arigó eram corretos, e que seus exames feitos com facas e operações realizadas com um canivete, sem qualquer assepsia, só eram possíveis devido à sua sensibilidade, somente explicável através de parapsicologia.
Realmente, o fenômeno Zé Arigó foi um dos casos paranormais mais extraordinários em todo o mundo, e até sua morte, em 11 de janeiro de 1971, vítima de acidente automobilístico na BR-040, ele foi citado e comentado em todas as revistas internacionais de grande projeção. Seu trabalho, reconhecido em todo o mundo, abriu uma janela a mais nos horizontes de Congonhas, que ainda hoje, décadas após seu desaparecimento ainda recebe turistas curiosos por conhecer a terra onde viveu, trabalhou e morreu Zé Arigó.