Igreja do Rosário
A Igreja do Rosário é considerada a mais antiga de Congonhas, construída pelos escravos dos primeiros mineradores/faiscadores em fins do século XVII e conserva até hoje a singeleza daquela época, porém não faz parte dos monumentos tombados.
Sua localização se remete a um ponto distante da mineração e garimpo do ouro na época, que acontecia às margens dos rios Maranhão, Santo Antônio e Goiabeiras.
A capela do Rosário apresenta fachada despojada, seguindo as tendências arquitetônicas de seu tempo: frontão triangular com pequeno ângulo, duas janelas a altura do coro e porta central de verga reta. O altar-mor em madeira recortada guarda bela imagem portuguesa de Nossa Senhora do Rosário, esculpida em madeira, e nas laterais, os santos pretos Santa Efigênia e Benedito. No altar lateral, encontra-se Santo Expedito, ladeado por Santo Antônio e São José. Na sacristia encontra-se a imagem de Nossa Senhora das Mercês e São Sebastião com características de arte popular primitiva. No cimo do arco há um medalhão com o desenho do mapa-múndi, sustentado por dois anjos. Como característica do seu tempo, a sineira está separada da Igreja. A espessura das paredes de pedra é de quase um metro. Sua pintura original foi feita com tinta de clara de ovo, sumo da fruta sangue de boi e óleo de flores.
Com a criação da Arquidiocese de Mariana em 1745 é sabido que nessa época já se festejava a devoção a Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Registros do ano de 1748 informam que nessa época o capelão do Rosário dos Pretos de Congonhas do Campo era o padre Antônio Rodrigues de Sousa.
Em 28/03/1784 a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Congonhas do Campo celebrava o contrato com o guarda-mor e pintor João Nepomuceno Correa de Castro para pintura do teto da capela e outras obras da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Ainda no final do século XVIII foi inserida uma cópia do altar lateral da Basílica do Senhor Bom Jesus.
Em 1825 as principais capelas de Congonhas eram o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, a de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a de Santo Antônio, distante uma légua da sede, além da Matriz de Nossa Senhora da Conceição.
Antes do ladrilhamento do piso os mortos pertencentes à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário eram sepultados em seu interior. Após a reforma do piso as ossadas foram transferidas para o cemitério Nossa Senhora da Conceição.
As festividades são realizadas anualmente durante o mês de outubro com a tradicional festa das "Congadas do Rosário" e com os fieis rezando o terço na capela.
Existe no interior da igreja uma anotação que faz menção aos nomes dos três escravos que mais trabalharam na construção da igreja: João, Maurício e Januário.
A primeira metade do século XVIII ficou marcada em Congonhas como a época de intensa religiosidade, traduzida pela construção da maioria das Igrejas, que ainda hoje representam a fé de seu povo.